Marcelo Moreira
Phil Collins (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
O mais humilde dos rock stars, e também aquele que, provavelmente, só não tem mais sucesso e hits do que os Beatles, Rolling Stones e Bob Dylan. Baixinho e bem humorado, Phil Collins é um fenômeno em todos os sentidos.
O baterista e cantor inglês chega aos 70 anos em mais uma tentativa de reinvenção, e provavelmente terá sucesso, como sempre.
Após superar uma série de problemas de saúde recentes e mais um divórcio escandaloso, caiu de cabeça nos ensaios de mais uma volta do Genesis, adiada por causa da pandemia de covid-19.
Collins é frequentemente comparado a elton John pela facilidade de compor músicas pop de qualidade. Geralmente são simples, muito boas e com letras interessantes, fora dos lugares comuns do rock.
Improvável astro da música, sentia-se um peixe fora d'água em seu começo no Genesis, na virada de 1970 para 1971, embora jpa tivesse o gostinho de ter os holofotes para sim como ator mirim e teatro e televisão.
A vocação, no entanto, era a bateria e desde cedo mostrou-se um instrumentista bem acima da média. Muito requisitado por artistas e bandas, não conseguia conter a ansiedade por fazer parte de algo realmente grande. Tinha faro pra perceber quando o projeto não ia decolar.
Com o Genesis ofi um pouco diferente. Aquele quinteto já tinha um nome no underground e no nascente rock progressivo e impressionou no teste para substituir John Mayhew e outros que não esquentaram a baqueta.
Nos quatro anos seguintes de desempenho fulgurante, o Genesis se tornou uma excelente banda, ainda que o dinheiro demorasse um pouco para entrar de forma consistente.
Collins se mostrou um instrumentista com vários recursos e um eventual segundo vocalista. Quando se tornou inevitável que o vocalista Peter Gabriel não cabia mais na banda, apresentou-se logo como a solução para o maior dos problemas.
E então o quarteto alçou o baterista para liderar a banda nos palcos e nos estúdios a partir de 1975, tendo monstros como Bill Bruford (ex-Yes e King Crimson) e Chester Thompson na bateria nos anos seguintes.
O novo cantor era peça ideal para a guinada mais pop e menos sinfônica da segunda metade dos anos 70. Ao contrário do que se pensa, não foi ele o maior responsável pela mudança gradual, já que as principais composições do período até 1980 eram da dupla Tony Banks (teclados) e Mike Rutherford (guitarra e baixo) - o guitarrista Steve Hackett saíra em 1977.
O Genesis estava mais acessível e mais esfuziante, e a voz e a performance de Phil Collins à frente casou perfeitamente para a ascensão da banda ao topo da música pop.
Se o viés progressivo ainda era parte integrante importante da banda, na carreira solo o baterista e vocalista se mostrou mais solto e mais inclinado para a música a pop, enfileirando uma sequência de tirar o fôlego, nos anos 80, de hits radiofônicos e assobiáveis.
Amigão da galera, é o cara certo nas horas certas e sempre que alguém precisa. Ajudou demais Eric Clapton quando a carreira deste estava estagnada e, na produção de discos, catapultou o amigo de volta ao sucesso.
Também foi fundamental ao ajudar o camarada Robert Plant (ex-Led Zeppelin) e o amigo/ídolo Pete Townshend (The Who). Gostava tanto de ajudar que se ofereceu para tocar com o Led Zeppelin no Live Aid, em 1985, em, Londres, um pouco antes de embarcar para a Filadélfia para tocar no palco americano do festival.
Mesmo sendo um gigante pop, sua humildade e sua postura sem afetações são algumas de suas principais características, como ficou patente em sua autobiografia, lançada há alguns anos, com versão em português.
Com um humor levemente autodepreciativo, contou em detalhes a sua formação musical e como se comportava no mundo da música desde a entrada no Genesis, descrevendo um mundo pop sem glamour, sem luxo e com todos os problemas corporativos comuns a outras profissões.
Ao mesmo tempo, não economizava no reconhecimento de seus erros na vida pessoal, nas dificuldades de relacionamento com os companheiros de banda e na descrição dos fracassos casamentos e namoros, além de distância meio protocolar em relação aos filhos.
Resumindo, assim como o falecido tecladista Jon Lord, do Deep Purple, era um daqueles astros que são boa companhia para tomar um chope ou uma cervejinha no churrasco de fim de semana.
A volta do Genesis para apenas uma rápida turnê inglesa, para quando a pandemia deixar, será a melhor celebração possível para os 70 anos de Phil Collins.
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