A passagem do dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, foi marcado por posições e declarações fortes em todo mundo, mas principalmente no Brasil, que bate recordes seguidos e feminicídios e desrespeito às mulheres - não por coincidência, situações que pioraram muito em um governo ultraconservador que flertou com o fascismo - Jair Bolsonaro (2019-2002), que não descanse em paz.
Na fase de reconstrução do país, er mais do que necessário o posicionamento contundente de mulheres a respeito das enormes dificuldades que ainda persistem na vida delas. Mas que bom que as mensagens fortes ganham mais reverberação e repercussão quando o mundo começa a voltar ao norma e o lixo fascista voltou para o esgoto.
A guitarrista e vocalista Renata Petrelli, da banda The Damnnation, postou um texto bastante relevante a respeito de sua luta no mundo machista do metal e de como o caminho a percorrer em busca de alguma igualdade é longo.
Na mesma linha escreve a jornalista e empresária Isis Correia, que trabalha com comunicação corporativa e assessora diversas bandas de rock. Também louva o dia da mulher, mas é crítica em relação à realidade a respeito da luta pela igualdade de gênero.
RENATA PETRELLI
Como disse nos meus stories, o fato de ser mulher implica que todo o esforço para algo acontecer, é em dobro: olhares inquisidores, atitudes com desdém, frases e atitudes sexistas (muitos ainda achando que é elogio!), frases que julgam, desmerecem o valor de ser mulher. Violência psicológica, Violência física. Violência de todos os tipos.
Nós mulheres, nascemos e somos incutidas, doutrinadas, a sempre pensar em todas as atitudes e sonhos que temos por talvez não ser "convencional" ao gênero e desistir no caminho.
Crescemos com o peso dobrado que para conquistar qualquer igualdade, é necessário trabalhar muito mais. E quando finalmente chegamos lá, ai não raro ouvimos "ah, mas chegou lá porque é mulher (e todas as outras frases que tenho certeza que toda mulher já ouviu alguma vez)."
Neste dia, que marca o protesto de 15 mil trabalhadoras de uma empresa textil em NY contra condições precárias de trabalho e de mais direitos, o caminho tem sido árduo. E o pensamento na sociedade da igualdade entre homens e mulheres parece ainda afetar a segurança psicológica do homem.
A grande verdade é que o dia 08 de março não é um dia de receber "mimos" e "gentilezas". Deveria ser um dia, assim como todos os outros em que a consciência cresce e a hipocrisia diminui.
Não adianta mimos e homens acharem que podem usar da força física, de possível poder aquisitivo, do terror psicológico para dominar, aterrorizar e silenciar mulheres.
Não adiata frases bonitas, quando maridos, pais, filhos, primos, parceiros, irmãos, avôs, tios, colegas, desconhecidos depreciam, batem, espancam, matam, privam, subjulgam, menosprezam sonhos, e acham que tem domínio sobre o corpo e psique da mulher.
Nos poupem das frases de efeito hoje, e se vocês tem conhecia do que fazem ou fizeram, melhorem, reconheçam e lutem COM a gente.
E para todas as mulheres que admiro, sigam em frente e sem pestanejar. Busquem a autossuficiência psicológica e financeira, para nunca silenciarem a sua voz e seus direitos. Para nunca ficar refém de "permissões" alheias e julgamentos."
ISIS VORREIA
'Hoje a banda @hibriaofficial , para a qual cuido da comunicação digital com a minha @agencia1a1, me convidou para falar sobre o #8M. Aproveito para replicar meu texto aqui com alguma edição e fotos de mulheres bem fodas que trabalham perto de mim. Sabemos que hoje ñ é dia de festejar.
No Dia Internacional da Mulher é preciso fazer um esforço para não esvaziar a data de seu propósito. Hoje estamos tratando de "presentes" muito maiores do que flores. Estamos falando de equidade salarial, combate à cultura do assédio, abertura de cargos de liderança para elas entre outras pautas de um feminino que, aliás, é cada vez mais plural.
Olhando para a indústria da música, ainda há um abismo quando o assunto é equidade de gêneros. Ainda há muita descredibilização da mulher rolando, ainda há muita piadinha de bastidor e ainda exige-se delas provas de competência das quais os homens mal ouviram falar.
Eu, que transitei a vida toda com homens, em "assuntos de homens", em "ambientes de homens" tenho agora consciência que demorei para despertar da ideia de que ser a única naqueles espaços não me conferia ser especial mas significava estar profundamente só, ignorando um exército de excluídas atrás de mim por um sistema que incentiva a competição entre nós.
Acabei tendo a sorte de ser convidada profissionalmente para a Treinam, que, no fim, teve um impacto pessoal em mim ao me colocar diante de mulheres. Muitas. Uma centena delas que já passou por nosso curso de formação no Brasil e fora dele, o que nos conferiu prêmios e reconhecimento, mas também mais responsabilidade. (@treinammulheres).
Há quase 10 anos fundei a Agência 1a1 para trabalhar com comunicação para a música. Sempre fico feliz qdo uma mana que não conheço me procura para dizer que admira a 1a1 justamente por ser guiada por uma mulher, que se inspira nisso.
Trabalho e trabalhei ao lado dos maiores artistas do heavy metal nacional, como Sepultura, Angra (Rafael Bittencourt), HIBRIA, Krisiun e tantos outros em cerca de 300 projetos. E por muito deixo essas informações bem escondidas pois a gente ainda se sente não merecedora - ou qualquer coisa assim. É terrível. É a realidade a ser desconstruída."
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