Um sexta-feira quente de inverno merecia uma celebração à altura diante do acontecimento: o primeiro show, de fato, do trio paulistano Dr. Sin em 2023, e um dos primeiros após a pandemia de covid-19, com o suporte dos mineiros do Medjay, banda mineira de metal progressivo.
Foi a reestreia depois da gravação e divulgação do "Acústico", pacote com dois CDs e um DVD ao vivo desplugado, em que a banda repaginou de forma muito interessante algumas de suas principais canções.
Enquanto planeja alguns shows neste formato, com a presença de uma orquestra e convidados especiais, o trio voltou aos palcos como sempre, dinamizado em um power trio e deixando as canções um pouco mais pesadas com Thiago Melo ao vivo.
Completando seis anos na banda, substituindo Edu Ardanuy, Melo esta cada vez mais à vontade, parecendo ter o DNA do hard rock no sangue. Nem mesmo pequenos problemas nos pedais da guitarra o incomodaram. Divertiu-se mais do que Andria Busic (baixo e voais) e Ivan Busic (bateria e vocais), como se fosse possível...
O show na casa Fabrique, na Barra Funda, em São Paulo, serviu de aquecimento para uma agenda recheada neste segundo semestre. Não lotou completamente, mas o clima de celebração era evidente. Havia um astral positivo e contagiante, como se o público esperasse a ocasião por muito tempo.
Com um horário justo, o trio despejou uma torrente de clássicos, que contou com a ilustre presença de Guilherme Hirose, cantor que liderou o TraumeR por muito tempo e agora canta no Northtale, banda que integra ao lado do guitarrista brasileiro Bill Hudson nos Estados Unidos.
A banda e o convidado especial recriaram "Fire", que teve a participação de Andre Mato (1971-2019, ex-Angra, viper e Shaman) no CD ao vivo de 20 anos atrás. Foi o ponto alto do show.
Por ser uma celebração e o retorno aos palcos, o Dr. Sin optou por um repertório mais conciso e de hits. Desfilou em uma hora e meia coisas lindas como "Emotional Catastrophy", "Time After Time", "Fly Away", "Isolated", a recente "Lost in Space" e "The Great Houdini" (esta com uma melodia intensa e extraordinária), a pesada "Scream and Shout" e as dramáticas "Lonely World" e "Mirales", para terminar com a maravilhosa "Down in the Trenches" e a inevitável "Futebol, Mulher e Rock and Roll", ainda hoje considerada sexista e machista...
O excelente show serviu de aquecimento para o próximo empreendimento: tocar na íntegra o repertório do primeiro disco, lançado em 1993, em apresentação no Manifesto Bar, em São Paulo.
Os mineiros do Medjay mostraram muita competência na abertura, conseguindo fazer um show completo e com as principais atrações extras, como dançarinas de música oriental, duas vocalistas de canto gregoriano, um percussionista e as convidadas especiais Mayara Puertas (vocalista do Torture Squad) e Ana Clara Mafra.
Misturando metal e músicas orientais, tem como tema principal de suas músicas a cultura do Egito antigo, que foi bem explorada em dez canções muito boas e arranjos que ficaram interessantes ao vivo nas canções dos discos "Sandstorm" e "Cleopatra VII".
Apesar de nova, a banda é formada por músicos experientes e muito entrosados, com destaque para o vocalista e guitarrista Phil Lima, um músico competente como homem de frente e com um timbre de voz cristalino e surpreendente.
A noite começou com a apresentação da banda paulista de power metal Armiferum, nome novo no mercado e que um trabalho convincente, embora os temas sejam meio repetitivos e o som, no geral, estivesse embolado na segunda metade de seu show.
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