quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Paixão pela música: Dr. Sin celebra 30 anos e o prazer de retornar aos palcos

Continua sendo um lugar comum cada vez mais comum pessoas d todos os tipos declararem automaticamente que têm imenso prazer em seus trabalhos e atividades. Entre os artistas, os sorrisos plastificados e congelados são disparados quando comentam sobre seus mais recentes trabalhos, muitas vezes desprovidos de alma e vontade.
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Não foi o caso de Nando Reis e Paulo Miklos, por exemplo, ao falarem dos shows de reencontro entre integrantes e ex-integrantes da banda. Era genuíno o prazer que sentiam com o até etão improvável empreendimento.


É possível notar esse prazer nas pequenas coisas em relação aos trabalhos em que Andria Busic se envolve. Ao simplesmente pegar um CD duplo de sua banda, o Dr. Sin, por exemplo, na qual canta e toca baixo.


Em um evento de lançamento de "Acústico", caixa com dois CDs e DVD do trio paulistano, ele conseguiu ficar absorto ao admirar o produto físico, observando cada detalhe, em um misto de orgulho e prazer em algo que ainda tem bastante significado para muita gente - mesmo que, para uma grand parcela de apreciadores de arte, não signifique mais nada.


O simples gesto de viajar ao segurar o novo lançamento da própria banda diz muito a respeito de um músico que é importante o cenário musical roqueiro e que faz questão de dizer que acredita, e muito, na sua arte e na cultura, como um todo.


"Mais do que tudo, principalmente depois da pandemia de ovid-19, devemos acreditar em nós mesmos, na arte e na música. Estamos aqui celebrando a nossa arte porque el e importante para mim e para as pessoas", disse o músico do Dr. Sin em conversa com o Combate Rock.


"Dr. Sin Acústico" é o pontapé das celebrações dos 30 anos de existência do trio e dos quase 40 anos de trajetória dos irmão Andria e Ivan Busic, que também passaram por Platina, Banda Taffo e banda solo de Supla.


Não se trata apenas de observar o mero orgulho de um artista diante do que acabou de produzir: é constatar a paixão com que ele se relaciona com seu trabalho e que fica evidente em gestos simples, como já dissemos.


É o tipo de postura que muita gente sente falta em tempos onde a imagem ganha proeminência na música, com gente dançando nas redes sociais em busca de likes e mais likes, seja lá o ue isso signifique.


É o tipo de paixão que faz os olhos brilharem quando o artista fala de seu trabalho e do que produziu, como a que pudemos verificar em recente entrevista do irmão de Andria, Ivan Busic, ao comentar sore o projeto Inpurpura, que ele lançou neste ano com a mulher, a cantora Nathalia Zukkas.


Com o Dr. Sin entranhado nas vísceras, Andria sabe que a caminhada de 30 anos coroa uma trajetória vitoriosa de uma gruo musical reverenciado na primeira prateleira do rock nacional.


Se a postura tranquila com que olha para o passado é resultado de de muita música boa, jamais esquece das lições recentes e não tão recentes, com a montanha-russa do imprevisível mercado fonográfico do século XXI dando rasteiras e jogando cascas de banana na estrada perigosa e escorregadia.


Foi assim na difícil travessia da parada do Dr. Sin, em 2015, que culminou com a saída do guitarrista Edu Ardanuy, a tentativa de nova encarnação com a banda Busic, o duro recomeço com o uitp pesoDr. Sin e, quando tudo parecia se encaixar, ser torpedeado por uma pandemia de covid-19.


"Quando eu olho a nossa caminhada e vejo esse CD acústico, dá uma sensação de vitória, é claro, mas acho que o alívio é muito maior depois de uma pandemia e de milhares de morto", analisa o baixista. "Sobrevivemos a um período muito difícil, que me afetou muito pessoalmente, e ter o privilégio de continuar produzindo e recebendo o carinho de quem gosta de nosso trabalho é uma suprema fortuna."


A gravação ao vivo do CD/DVD acústico foi um passo necessário para a retomada das atividades nos palcos, em empreendimento que demandou muito tempo e investimento da banda e parceiros em todos os sentidos, em especial de Carlos Chiaroni, da Animal Records, que lançou a caixa com as mídias físicas.


Como o Dr. Sin ficou longe dos palcos por muito tempo, a sede de tocar é grande, seja com retomada das turnês nacionais, seja para realizar algumas apresentações no formato acústico, algo complicado e trabalhoso, embora o projeto seja a coroação de toda a carreira.


E a paixão pela música ressurge ao falar de como o acústico foi necessário ara recuperar o espírito de fazer arte depois dos tempos sombrios.


"Rearranjar as canções para um formato novo revigorou o Dr. Sin, que não pôde divulgar e trabalhar o disco 'Back Home Again' por conta da pandemia, que nos pegou em 'pleno voo'. Foi legal se violar com o Ivan [Busic] e com o Thiago [Melo, guitarrista] em um sítio, revisitar o catálogo e rearranjar as canções,. Deu uma renovada em todos os sentidos", avaliou Andria.


Fazer arte no Brasil continua sendo um desafio - e rock, mais desafiador ainda. Andria Busic não tem ilusões a respeito do futuro de bandas como Dr. Sin, Angra e Sepultura, que têm mais de 30 anos e penam, com a maioria dos artistas, para conseguir a atenção dos mais jovens em época de "audição ansiosa" - em que um minuto basta para que a garotada perca a paciência com sons diferentes do que "bomba" nas redes sociais e nas plataformas de streaming.


"Sempre será prazeroso fazer o que eu amo, tocar as músicas que eu gosto, da minha banda, das bandas de que gosto. Sempre será ótimo fazer música para pessoas como nós, que gostam e apreciam boas canções, boa arte, coisas de qualidade", diz Andria. "Quem vai ouvir e a quantidade de gent que vai ouvir é consequência. O esforço de atrair um público mais jovem é constante, tem de ocorrer renovação, mas isso não nos define porque temos um legado importante para defender e disseminar."

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