Uma das frases mais arrogantes e enganosas que existe em nossas vidas é a famigerada "não preciso provar mais nada para ninguém".
A expressão evidencia não só arrogância, mas insegurança de quem já não tem mais gás, está decadência e não se garante mais.
Na música, existem muitos artistas que poderiam proferir tal barbaridade e, ainda assim, não seria um absurdo. É o caso de Robert Plant, que completou 75 anos neste mês de agosto.
De todos os gênios vocais do rock, provavelmente ele é o que alcançou a velhice com a voz mais prejudicada. Ele já demonstrava problemas para ser a grande voz que marcou o Led Zeppelin já nos anos 90.
Ao contrário dos contemporâneos e concorrentes, como Roger Daltrey (The Who), Rod Stewart, Mick Jagger, Glenn Hughes (ex-Deep Purle) e Ian Gillan (Deep Purple), só para citar alguns, Plant sofreu para manter o alto padrão e acabou fracassando em algumas tentativas, geralmente acompanhadas por trabalhos apenas medianos e sem destaque.
Consciente da deterioração da voz e o peso da idade, teve a sabedoria e a inteligência de trilhar caminhos alternativos em vez de insistir no rock pesado, como fez David Coverdale, do Whitesnake, com resultados questionáveis.
Aos 75 anos de idade, o mestre Plant desfruta de muito mais tempo para caminhar e pescar na região de Birmingham, na Inglaterra, além de estar mais presente no conselho deliberativo do seu amado Wolverhampton Wanderers, clube de futebol outrora importante dà primeira divisão do Campeonato Inglês.
Um de seus mais recentes trabalhos, "Carry Fire", é a coroação de um novo patamar em sua carreira, em que a música country e o folk inglês deram as cartas e o transformaram de novo em um artista relevante.
O garoto descoberto nos botecos de Birmingham pelo empresário Peter Grant e pelo guitarrista Jimmy Page graças a uma indicação do cantor Terry Reid se tornou um ícone cuja força permanece intacta, como é possível observar pela repercussão do trabalho na novíssima banda norte-americana Greta Van Fleet. Seria de Plant a voz ouvida no disco de estreia da banda?
Quem vê a discrição com que Plant conduz sua vida e sua carreira após o final do Led Zeppelin não imagina que possa ser verdadeira a passagem do filme "Almost Famous" ("Quase Famosos"), de Cameron Crowe, quando o vocalista louro sobe no telhado de uma casa e se proclama o próprio "Deus Louro".
Quando perguntado sobre a passagem do filme, Plant apenas sorriu de canto e não respondeu. Nem precisava. Foi o mais perto que um roqueiro chegou do altar. E o que isso significa? Apenas que ele é Robert Plant. Isso já diz tudo.
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