O baixo e o violão tinham perdido um pouco d espaço na agenda do hoje executivo Fernando Quesada, mas bastou um encontro com velhos amigos no aeroporto de Recife (PE) para que a vontade de voltar aos palcos aflorasse e resultasse em um projeto interessante que reuniu antigos músicos de uma das formações do Shaman.
"Estou adorando a vida de ajudar a gerenciar uma franquia importante de escolas de música, mas estou empolgado com o Finally Home. Reencontrar amigos e trabalhar com eles te sido muito estimulante", afirmou o músico e executivo em entrevista ao Combate Rock.
Ele viajou a Recife neste ano para dar subsídios à implantação à primeira franquia da School of Rock no Nordeste, que surgirá em breve - Quesada é sócio-diretor da marca no Brasil, que tem 50 escolas de ensino musical.
No aeroporto, encontrou a banda Noturnall, que fazia uma turnê nacional cm o cantor inglês Paul di'Anno (ex-Iron Maiden). Depois de anos de sua saída desta banda, Quesada retomou a amizade e o contato com o amigo Thiago Bianchi, vocalista e produtor musical. Foi a chama para que tivessem a vontade de fazer algo junto de novo.
"Tocamos juntos no Shaman e Noturnall, e sai desta última por uma série de motivos. O Finally Home é uma maneira de retomarmos o contato e nos divertirmos fazendo música. Sempre nos respeitamos e tivemos consideração, nos preocupamos com a família de um e outro", explicou o baixista.
Finally Home é uma boa ideia que pretende revisitar canções da formação do Shaman que existiu entre 2006 e 2010 no formato acústico. O primeiro single é "In the Dark", que já está nas plataformas digitais, com a participação de Quesada, Bianchi e o guitarrista Léo Mancini, hje no Noturnall, no Wizards e no Spektra.
"A repercussão do projeto me surpreendeu. Tinha um clima de celebração, de voltar a trabalhar com amigos de uma vida, mas não muito mais do que isso. A maioria gostou da primeira música e está cobrando novas versões. Isso e muito gratificante", comemora o músico.
Como gestor e executivo, Fernando Quesada desbravou um mundo árido e, pela coragem e pelo dinamismo, acabou se tornando referência no mercado, que aproveitou a sua experiência praticamente única dentro da música brasileira.
Corriqueiro na Europa e nos Estados Unidos, no Brasil é raro observarmos alguém que ralou na estrada como músico, montando palco e baterias, regulando o próprio instrumento em botecos e palcos grandes, escalar altos patamares na área administrativa de empresas ou de gerenciamento no mercado.
Na School of Rock Brasil, que é o braço educacional surgido nos Estados Unidos a partir do filme homônimo estrelado por Jack Black há 20 anos, Quesada se tornou sócio-diretor com foco inicial na comunicação e no marketing, mas logo expandiu suas atividades e pensamentos para área educacional.
"A missão da escola é ensinar, e isso abrange todo o escopo que o termo incorpora", diz o músico. "Ensinamos música, mas também ensinamos outras coisas, indo além das notas musicais. Nossos alunos ganham noções de mercado, de gerenciamento de sua carreira, de como se vender enquanto artista, produtor, gerente ou criador de criador de conteúdo. Sempre foi a minha intenção conjugar a formação técnica com a formação humanista. Tudo está interligado."
E essa trajetória quase única no mercado brasileiro o coloca em uma posição privilegiada no mercado para avaliar os rumos do rock nacional e a sua aparente decadência entre os apreciadores de música e arte, no geral, no Brasil.
Há uma aparente contradição na sociedade brasileira atualmente: se os jovens ouvem menos rock atualmente, o que explica a explosão de franquias de escolas de música com o nome "rock" nos letreiros, sempre com foco nas crianças e adolescentes.
"A força de uma marca de décadas está provada", diz Quesada. Ele não tem dúvidas de que a palavra rock e tudo que a envolve é poderosa e remete a um mudo de sonhos e infinitas possibilidades, além de credibilidade.
"O rock está aí há 70 anos e passando de pai para a filho. Exerce u fascínio muito grande e traz atrelado uma série de informações e exacerbam essa credibilidade. A marca School of reforça essa aura e a molecada chega ao nossos ambientes sabendo que vai aprender muito, e não só música."
Quesada acredita que o valor agregado do gênero musical é capaz de desfazer o aparente paradoxo - jovens ovem menos rock mas procuram cada vez mais escolas de rock. "Meu objetivo sempre foi mostrar que a música é mais que diversão, ela traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental, o que a torna essencial para a vida."
A School do Rock tem 10 mil alunos distribuídos em 50 escolas franqueadas pelo país. "Minha tarefa atual é criar campanhas e estratégias de marketing junto do meu time, e continuar o desenvolvimento da plataforma EAD School of Rock Play para todo o Brasil."
Um dos eventos mais interessantes dentro dessa estratégia é o "Meu Primeiro Show de Rock", que tem a franquia de Quesada como uma de suas maiores incentivadoras.
A ideia é juntar pais e filhos para curtirem shows e apresentações de crianças, que tocarão ao lado de bandas de versões (covers) experientes e de músicos importantes como Supla e Clemente Nascimento (Inocentes e Plebe Rude, em uma festa roqueira na Vibra (antigo Credicard Hall), em São Paulo, no dia 12 de outubro.
"Essa experiência sensorial de estar em um primeiro show de rock é algo que considero fundamental na formação de quem gosta de arte e mostra interesse pelo rock. Oferecer essa possibilidade e participar deste tipo de evento vai ao encontro do que acredito. Tocar música e curtir música é apenas uma parte da experiência musical, com múltiplos aprendizados", finaliza Quesada.
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