quarta-feira, 16 de agosto de 2023

'Sabbath Bloody Sabbath', o melhor disco do Black Sabbath, completa 50 anos

O melhor álbum do Black Sabbath quase não foi gravado, à semelhança do que ocorreu com outro gigante inglês, The Who, dois anos antes, com o projeto "Lifehouse", de cujas sobras foi montado o LP "Who's Next".

"Sabbath Bloody Sabbath" é o quinto disco do Black Sabbath e foi lançado há 50 anos, em agosto de 1973. Foi o LP mais coeso, denso e pesado que o quarteto produziu, com sua produção deliberadamente meio abafada para aprofundar a sensação de claustrofobia e desconforto. É uma obra-prima do rock.

O disco quase não saiu porque o Black Sabbath estava a ponto de explodir por causa do abuso de drogas, longas turnê e sobrecarga de trabalho em cima do guitarrista Tony Iommi, segundo ele mesmo.

Em sua autobiografia, lançada no Brasil em 2013, Iommi comenta que as gravações de "Sabbath Bloody Sabbath" foram difíceis. A banda estava exausta.

"Chegamos quebrados ao estúdio, com pouco tempo de descanso. E tínhamos de produzir um grande álbum para ao menos equiparar o sucesso de 'Volume 4'. Passamos vários dias sem fazer nada no estúdio, sem conseguir criar. Todos esperavam que eu parisse grandes riffs, como sempre. Estávamos ficando desesperados quando surgiu esse riff de 'Sabbath Bloody Sabbath'. Aí tudo voltou a fluir na banda, e Geezer [Butler, baixista] gritou: 'Estamos de volta", conta o guitarrista.

 "Sabbath Bloody Sabbath", o álbum, é extraordinário. Ozzy Osbourne provavelmente fez seus melhores vocais com a banda, como em "National Acrobat" e "Who Are You" – esta última uma grande canção, muito pesada e densa.

Outros bons momentos são a viajante "Spiral Architect", a clássica "Killing Yourself to Live" e a mais roqueira "Looking for Today". A faixa-título é a mais pesada já composta pela banda, referência de todas as bandas que pretendem fazer heavy metal algum dia.

Foi o primeiro álbum da banda a ser elogiado pela crítica da época, sendo aclamado pela revista Rolling Stones como "um grande sucesso" e "um grande trabalho" - isso depois de três anos de massacres em suas páginas, com o piores adjetivos possíveis nos quatro discos anteriores.

As gravações começaram nos Estados Unidos, mas a seca criativa os obrigou a voltar para  Inglaterra, onde finalmente construíram alguma coisa.

Foi uma transição em suas músicas, misturando o peso original da banda a sons de sintetizadores e toques de progressivo, como em músicas como "Spiral Architect" e "Who are You?". 

O amigo Rick Wakeman, então tecladista do Yes, participou de forma decisiva em quase metade to LP, acrescentando um clima bem característico do prog e ajudando a deixar a atmosfera ainda mais pesada e sufocante.

O álbum alcançou o 4º lugar nas paradas britânicas, e o 11º lugar nas paradas americanas. Durante a turnê mundial desse álbum a banda ganhou grande popularidade após tocar para 200 mil pessoas no California Jam Festival, em 1974.

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