terça-feira, 22 de agosto de 2023

Estreia do Living Colour estremeceu o rock há 35 anos

* Com informações de Flavio Leonel, do site Roque Reverso

Os guitarristas Robert Cray e Eric Gales despontaram como astros com suas guitarras flamejantes e postulando ao menos beliscar um pouco do que Jimi Hendrix construíra no anos 60, mas foi um quarteto de hard rock, com um som pesado e muito groove, que chamou a atenção como a grande sensação negra do rock depois do mestre da guitarra E é bom lembrar: Gales e Cray eram do blues.

O Living Colour cativou milhões logo de saída, por mais que as roupas psicodélicas e as guitarras coloridinhas de Vernon Reid fizessem muitos torcerem o nariz - isso não combinava com o rock pesado.

Pura bobagem. O som que saía dos falantes era maravilhoso, intenso e descontraído, com um "balanço" totalmente inusitado, com riffs monstruosos e solos incandescentes que atraíram olhares e ouvidos de ninguém menos do que Mick Jagger, o cantor dos Rolling Stones, que decidiu se aventurar a produzir o grupo.

Faz 35 anos que o Living Colour estreou em disco com "Vivid", devastando o mundo do rock e estabelecendo outros patamares de qualidade e sonoridade dentro do hard rock. 

As canções não só tinham qualidade alta como abordavam assuntos diversos e que fugiam do estereótipo pop de então. Poucas estreias no rock foram tão impactantes e celebradas.
 
Numa época na qual o hard rock dos Estados Unidos ainda era comandado quase que em sua totalidade por uma legião de loiros branquelos e farofas, a negritude do Living Colour chegou para arrombar as portas de uma vertente do rock que era pouco ou quase nada aberta a músicos negros.

Sem usar deste fato para propagandas ou campanhas, e repleto de músicos competentes, o Living Colour trouxe com "Vivid" um cartão de visitas poderoso e com alguns hits que já ficariam marcados na história do rock n' roll.

Corey Glover (vocal), Vernon Reid (guitarra), Muzz Skillings (baixo) e Will Calhoun (bateria) trouxeram um rock pesado com elementos adicionais do então nascente funk metal, que tinha como maiores expoentes o Red Hot Chili Peppers e o Faith No More. 

Glover já havia tido certo momento de fama como ator ao participar do grande filme "Platoon", de Oliver Stone, mas as qualidades vocais do sujeito encantariam e confirmariam que seu maior destino era a música.

O talentoso Vernon Reid era outro comandante musical do Living Colour que surgia definitivamente para o meio musical, depois de vários trabalhos com outros músicos, 

Mick Jagger ficou tão entusiasmado com o Living Colour que foi praticamente um padrinho para a banda, ajudando o grupo nas intermediações com a gravadora Epic e simplesmente ajudando na produção do "Vivid", ao lado do respeitado produtor Ed Stasium, que já havia trabalhado com grupos, como Ramones e Talking Heads.

O vocalista dos Stones não apenas ajuda na produção de músicas do disco como também participa de duas delas: "Broken Hearts" e "Glamour Boys", um dos três grandes hits do álbum.

 O disco começa com um petardo matador: "Cult of Personality", que traz uma letra repleta de críticas à sociedade necessitada de personalidades para idolatrar, com direito a trechos de discursos de Malcolm X, na introdução, e do ex-presidente norte-americano Franklin Roosevelt, no final. A qualidade da canção chegou a ser premiada em 1990 com o Grammy de Melhor Performance de Hard Rock.

Outros dois hits marcantes do álbum foram "Funny Vibe" e "Glamour Boys", está última música indicada para o Grammy de Melhor Performance de Rock por um Grupo ou Duo, enquanto a primeira contou com participações bacanas de Chuck D e de Flavor Flav, ambos do lendário grupo de hip hop Public Enemy. 

Merecem destaque também entre as boas faixas do álbum a música "Open Letter (To a Landlord)", que traz uma performance de gala de Corey Glover, além de "Desperate People" e "Middle Man", que trazem uma guitarra mais do que envolvente de Reid, amparada pelo baixo de Skillings e a bateria de Will Calhoun.

Mal sabíamos que "Vivid" era apenas um prenúncio da obra-prima "Time's Up", de 1990, o colossal segundo álbum que transformou a banda em atração gigantesca, quase uma coletânea de tanta música boa. Se não tivesse havido Nirvana e o grunge, o Living Colour provavelmente seria a última coisa estrondosa a sacudir o mundo do rock.

Celebramos os 35 anos do Living Colour ao mesmo temo em que o mestre Vernon Reid completa 65 anos de idade. Um grande salve ao maravilhoso instrumentista.

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