sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A profusão sonora e extrema criatividade de King Gizzard & The Lizard Wizard


Três discos em um mesmo ano, ao melhor estilo Frank Zappa. É assim que a banda australiana King Gizzard & The Lizard Wizard trabalha, em uma profusão de criatividade e produtividade. Será que tudo o que fazem tem qualidade para ser lançado a toque de caixa?

O sexteto não se preocupa com isso. A alta produtividade garante música nova o tempo para saciar os fãs e mostrar que o mercado atual, totalmente modificado pela internet e pelos novos hábitos de consumo de música e arte, tem espaço para novos produtos de forma constante.

King Gizzard coloca neste mês de novembro no mercado o terceiro álbum de 2022, "Changes", que tem o suporte do selo/gravadora KGWL.

O grupo começou a trabalhar com a ideia de "Changes" em 2017, só qu o dinamismo do trabalho deles os fez encavalar tudo. E então veio outro disco nas composições, "Gumboot Soup".

To das as vezes em que tentavam retomar o trabalho antigo, nova profusão de ideias surgia e a banda nunca foi de perder o timing das coisas - rapidamente tiveram oito outras ideias extravagantes que os enviaram em infinitas novas direções. 

No entanto, nunca perderem contato com aquele conceito de "Changes". As raízes do álbum estavam em sua faixa-título, de abertura, com a qual o o guitarrista  vocalista Stu Mackenzie havia brincado durante suas turnês de 2017. 

As estruturas principais estavam montadas dentro do som característico da banda, um rock progressivo que descamba para a psicodelia - e vice-versa, algo tão insano e eficiente que os tornou uma das principais bandas de rock australianas.

Mackenzie havia se tornado obcecado por um teclado que tinha levado consigo na estrada, tocando-o no ônibus, na passagem de som e sempre que tinha um tempo livre. 

"A ideia de oscilar entre duas escalas surgiu do nada", diz ele no material promocional de "Changes". "E então se tornou um álbum. Uma grande parte dos álbuns de Gizzard foi feita dessa maneira - é raro que o conceito venha primeiro. É mais como se escrevêssemos uma canção, e depois nos perguntamos o que aconteceria se concretizássemos a ideia da canção e a tornássemos um álbum inteiro? Continuamos pressionando e fazendo mudanças, explorando todas as combinações e permutações possíveis, e chegamos a estas ideias especiais que nunca teríamos pensado de outra forma. Estamos reunindo todos as ideias e tentando construir o objeto mais louco a partir desta coisa simples."

A música de "Changes", diz Mackenzie, "foi construída em torno de duas escalas - cada música está mudando a chave constantemente, oscilando entre duas escalas diferentes a cada mudança de corda". Você está em dois mundos diferentes ao mesmo tempo com o disco inteiro". 

O grupo trouxe suas demos iniciais para as faixas de Changes, pois todas elas foram construídas em torno destas mudanças de acordes: "e então chamamos o álbum de "Changes" (mudanças), porque tínhamos dito tanto a palavra, e as mudanças se tornaram o tema lírico central do álbum. Não era mais Changes, como nas mudanças de acorde; era Changes, como em 'Eu tenho passado por algumas mudanças'".

Embora as canções estejam unidas pelas mudanças de acordes acima mencionadas, o conceito nunca restringe sua criatividade e curiosidade. Dá para dizer que o jazz permeia quase todo o álbum, como na elegante "Gondii", com sua urgência, até a viagem meditativa de "Exploding Suns" - talvez a melhor do disco, combinando rock progressivo, jazz e psicodelia com maestria.

"Astroturf" é meio jazz, meio funk, o que garante um balanço irresistível. "No Body" segue uma linha mais tradicional de rock'n'roll, enquanto "Changes" sintetiza o que é o som moderno da atualidade do King Gizzard aplicando uma série de "mudanças" de ritmo , melodias e intensidade sonora. 

King Gizzard & The Lizard Wizard são Stu Mackenzie(vocal/guitarra), Ambrose Kenny-Smith(harmonia/vocal/teclados), Cook Craig (guitarra/vocal),Joey Walker (guitarra/vocal), Lucas Harwood (baixo) e Michael Cavanagh (bateria).


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