quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Blind Guardian encara demônios internos e desafios da modernidade em 'The God Machine'

O Blind Guardian já foi sinônimo de heavy metal melódico por excelência, mas resolveu arriscar muito cedo. Os resultados foram bons, mas parte do público estranhou a “mania” de querer ser o Queen do metal. Isso preocupou o quarteto? Nenhum pouco.

A banda alemã que era sinônimo de metal melódico virou modelo de grupo bem-sucedido na música pesada europeia a tal ponto que se dá ao luxo de ficar, às vezes, cinco anos sem lançar nada.

Depois de criar uma verdadeira sinfonia em “Legacy of the Dark Lands – Blind Guardian Twilight”, onde a banda praticamente se rendeu a uma orquestra em todo o disco, o retorno ao metal tradicional veio em grande estilo. “The God Machine” é um dos grandes lançamentos de 2022.

O grupo olha para frente, mas com um pé no passado. Ainda tem a mania de soar, ás vezes, como o Queen em momentos sinfônicos, ou revisitar os anos 70, como na zeppeliniana “Life Beyond the Spheres”, nas duas versões em que aparece no disco. A orquestração lembra muito “Kashmir”.

As guitarras voltam a ser protagonistas, em duelos maravilhosos e em riffs clássicos e modernos, que misturam heavy tradicional e rock progressivo, como em “Violent Shadows” e na opulenta “Damnation”, com seu refrão especial.

“Deliver Us From Evil”, a abertura, traz boas ideias tomadas emprestadas do hard rock, como as guitarras dedilhadas do início, mas o brilho mesmo fica por conta do vocalista Hansi Kursch fazendo todas as vozes.

Na grande balada heavy em “The God Machine”, todos brilham, revivendo os grandes momentos da banda nos anos 90 em “Let It Be No More”, onde afloram as principais influências do Blind Guardian – Queen, Iron Maiden, Helloween e Accept, em menor escala.

A banda ale simplificou um pouco o seu som, mas não ao ponto de descaracterizá-lo. As orquestrações de bom gosto continuam, o som imponente também, mas é muito legal ouvir novamente o protagonismo das duas guitarras em primeiro plano.

Em relação aos temas das canções, houve um inegável avanço, com a ousadia de sempre, uma característica da banda alemã. "The God Machine" teve como inspiração as obras "American Gods", de Neil Gaiman, e "Stormlight Archives", de Brandon Sanderson,

O vocalista Hansi Kürsch, autor dos argumentos e da maioria das letras, afirmou em entrevistas que o atual trabalho é o mais pessoal desde "Somewhere Far Beyond", que escreveu sob a sombra do luto pela morte de seu pai.

"The God Machine" lida com as modernas caças às bruxas, a paranoia, as guerras e outro fato pessoal - no caso do vocalista, a morte de sua mãe. O grupo estabeleceu um novo curso e voltaram a fazer certas coisas que negligenciaram um pouco nos últimos álbuns. A nova diretriz adotada ao criar "The God Machine" foi muito simples e direta, mas muito bem-vinda: "Menos orquestração, mais força".

No material de divulgação, Kürsch considera que o ovo CD "é um álbum envolvente, viciante e brilhantemente arranjado na tradição dos discos da banda em mais de 35 anos de carreira".  

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