Do site Roque Reverso
Certas bandas estreiam como verdadeiros elementos explosivos no rock. Muitas vezes, esses mesmos grupos, além de causar impacto no estilo musical, praticamente inauguram uma vertente diferente ou, no mínimo, plantam uma semente que durará por décadas e que influenciará dezenas de outras bandas
. No dia 3 de novembro de 1992, o Rage Against The Machine fazia justamente isso ao lançar seu disco de estreia, cujo nome escolhido foi o mesmo do grupo norte-americano.
O álbum que completa 3 décadas de existência em 2022 é um dos clássicos da história do rock e é impossível ignorar sua importância para a música em geral.
“Rage Against The Machine” traz uma banda com a fúria necessária para conquistar uma legião de fãs por meio de letras raivosas, politizadas e polêmicas, mas extremamente necessárias.
Tudo isso é aliado a um som que mescla funk, pitadas de heavy metal e várias interpretações que também bebiam na fonte do hip hop. É item obrigatório para qualquer fã de boa música e que gosta de letras que tenham algo a dizer.
O impacto já começa pela capa escolhida: a imagem do monge budista vietnamita Thích Quảng Đức, que ateou fogo em seu próprio corpo em um processo de auto-imolação em 11 de junho de 1963 que resultou em sua morte. A foto da morte do monge, de autoria de Malcolm Browne, ganhou os prêmios Pulitzer e Foto do Ano da World Press Photo.
Quanto às músicas, o carro-chefe do álbum é nada menos que a faixa “Killing in the Name”. Com linguagem forte de protesto, som impactante e um refrão matador em seu final, ela tem letras inspiradas na brutalidade policial sofrida pelo homem negro Rodney King em 1991 e nos subsequentes tumultos de 1992, em Los Angeles, após absolvição dos policiais agressores.
Desde que estourou nas rádios do planeta em novembro de 1992, “Killing in the Name” se transformou no maior hino do RATM e, mais do que isso, virou praticamente o maior símbolo da banda.
Até os dias atuais, basta qualquer DJ executar essa música em qualquer balada rock para o público presente se transformar e vibrar intensamente. Também nos shows do Rage Against The Machine, ela é presença obrigatória e sempre o ponto mais importante das apresentações.
Mas não é só de “Killing in the Name” que o disco de estreia é formado. Antes da faixa aparecer como a segunda do álbum, a música “Bombtrack” abre os trabalhos como belo cartão de visitas.
Está ali um bom exemplo do que é o RATM: letras fortes e uma união musical marcante dos seus componentes. O vocalista Zack de la Rocha é o elemento capaz de inflamar o mais frio dos fãs, com técnica vocal sensacional e uma vibração contagiante.
O guitarrista Tom Morello é daqueles talentos que trazem elementos novos para a música, inovando nas técnicas e deixando sua marca diferenciada.
O baixista Tim Commerford traz o instrumento com uma intensidade importantíssima para a proposta da banda. Por fim, o baterista Brad Wilk dá a dose necessária para que a energia do grupo permaneça em níveis elevados.
Quinta faixa do disco, “Bullet in the Head” é outro destaque do álbum que aborda a violência policial que não é exclusividade brasileira.
Com variações incríveis da guitarra de Tom Morello e uma letra contundente é outra música que mostra o RATM no seu estado mais puro de raiva contagiante. O indivíduo que escutar esta canção pode até não gostar, mas jamais sairá ileso dos versos e do peso desta faixa.
O mesmo pode ser dito da música seguinte “Know Your Enemy”, que mantém a energia da música anterior e traz uma dose complementar de fúria, sendo uma das melhores do álbum. Tente presenciá-la ao vivo num show do RATM e ficar sem reação. É simplesmente impossível.
O brasileiro que esteve na cidade de Itu em 2010 no festival SWU jamais vai esquecer do que viu na até então única apresentação da banda em solo nacional. E o mesmo vale para quem estava assistindo pela TV. Tanto no stage diving generalizado que tomou a Pista como na transmissão televisiva, o impacto nas mentes é o mesmo. E, se o fã procurar em outro show pelo YouTube, a reação será semelhante: vibração, energia e vontade de agir.
Outra faixa clássica do álbum é “Freedom”, que fecha o disco de 10 músicas. Apesar de ser o quarto single lançado, foi o segundo sucesso de impacto nas rádios do trabalho de estreia do RATM e complementou o sucesso gerado por “Killing in the Name”. O verso “Anger is a gift” (na tradução: “Raiva é um presente”) é daquelas senhas que a banda passa para que o ouvinte reaja às coisas erradas do planeta e os berros de “Freedom” de Zack de la Rocha são a dose complementar capaz de levantar até os mortos.
As faixas citadas são clássicos do RATM e presença desejada por todos os fãs nos shows. As demais do álbum (“Take the Power Back”, “Settle for Nothing”, “Wake Up”, “Fistful of Steel” e “Township Rebellion”) estão longe de representar algo ruim ou fraco, mas não têm o mesmo impacto das mais badaladas.
No saldo final do álbum, porém, o impacto de “Bombtrack”, “Killing in the Name”, “Bullet in the Head”, “Know Your Enemy” e “Freedom” é tão avassalador que as faixas menos badaladas acabam ficando como coadjuvantes.
A avaliação de crítica e público sempre foi amplamente positiva sobre o álbum de estreia do Rage Against The Machine. Dez entre dez apreciadores do rock, tendem a colocar o disco entre os melhores e mais representativos dos Anos 1990 e, não por acaso, diversas publicações colocam este importante álbum como um clássico do rock.
Para muitos, o RATM ainda amadureceria muito no decorrer da carreira e traria discos tão ou mais impactantes que o de estreia. Em contrapartida, é inegável que a semente foi plantada com este álbum inicial, que mostrou que o grupo havia surgido para escreve seu nome em letras gigantescas no rock.
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