quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Quando o rock mergulha fundo na desumanidade

 A surpresa foi nenhuma: depois do jogo de cena de "afastar" o integrante que deu "declarações polêmicas" na internet (sem citar o nome) na tentativa de manter shows de apertura para uma banda internacional - e depois desistir das apresentações -, a banda paranaense Semblant anuncia que retomará as atividades sem alterar a formação.

Se o movimento já era esperado, a corrente de indignação que provocou também também foi igualmente retumbante. Uma banda de rock apoiando gente de inspiração fascista e que comete crimes de todos os tipos em nome de uma ideologia medieval?

A informação de que a Semblant continuará com uma vocalista que gravou vídeo apoiando e instigando bolsonaristas otários (redundância) a continuarem boqueando rodovias e pedindo, em frente a quartéis do Exército, intervenção militar e ditadura, É um tapa na cara de quem ama rock e respeita a democracia. É uma demonstração absoluta de perversidade e de desprezo pela civilização.

O ultraje é tão asqueroso e deplorável que o anúncio surge ao esmo tempo em que vem a notícia de Mato Grosso: um motorista desesperado não conseguiu seguir de Sorriso para Cuiabá para levar o filho de 9 anos para uma cirurgia de emergência - a criança corre o risco de ficar cega de um olho.

"Dane-se, não vai passar. Que perca a visão. O bloqueio é mais importante do que tudo" vomitou o vagabundo que lidera o bloqueio na rodovia BR-364.

É esse tio de gente nojenta que apoia o nefasto presidente derrotado que representou a extrema-direita - e que incita seus apoiadores vagabundos a cometer todo tipo de crime contra a democracia na esperança inútil de mudar o resultado da última eleição presidencial.

É perverso e totalmente desumano. Quando uma banda de rock apoia esse tipo de situação e insufla a desobediência civil, com golpe de Estado militar, em nome de ideias podres e comportamentos políticos criminosos, é sinal de que há graves indício de degradação social, moral e artística.

Não custa repetir a mesma cantilena: não se trata de um embate entre ideias opostas, ou de direita contra esquerda. É civilização contra a barbárie e o mundo medieval de viés religioso - do pior tipo de religião. É um embate entre direitos humanos preservados e exaltados contra a desumanidade. É a luz contra a escuridão; é o conhecimento contra a ignorância. Não erra quem "exagera" que se trata do Bem contra o Mal.

É difícil medir as consequências e o impacto na cena quando se desce a tão baixo grau de desumanidade. Não pode ser apenas ignorância insistir em crenças religiosas ridículas, terraplanismos de todos os tipos e mentiras em todos os níveis.

Saber que existe gente no rock que apoia tais ideias e tais "situações" é lamentável e preocupante, porque a desumanidade demonstrada pela cantora em questão, que se chama Mizuho Lin, foi aplaudida or muita gente no Brasil e o mundo, que não teve vergonha de vomitar que a pregação a atividades antidemocráticas e criminosas estava contemplada pela "liberdade de expressão"...

A confusão deliberada entre liberdade de expressão e irresponsabilidade sociopolítica, com a consequente enchafurdamento em variados crimes, é só o ato final de desespero de um grupo político da pior espécie que tenta sobreviver na tentativa de evitar eventuais processos e condenações.

A perversidade e a desumanidade estão nos grandes e nos pequenos gestos, como votar em um dejeto humano que sabotou a vacinação durante a pandemia de covid-19 e cometeu atos vergonhosos na depredação do meio ambiente; que atacou incessantemente a democracia e estimulou atos de discriminação de todos os tipos; que insuflou rebeliões quando percebeu, desde sempre, que perderia a eleição.

A perversidade e a desumanidade afloram quando se apoia as mentiras disseminadas pelo nefasto mundo bolsonarista e seu esgoto acoplado, com fracassados, vigaristas e vermes de todos os tipos atuando para desmontar o arcabouçao legal que protege as instituições democráticas e as políticas públicas de apoio aos vulneráveis. E que, por outro lado, apoia o aumento da violência institucional e do Estado ao derramar armas para a criação de milícias de todos os tipos.

A perversidade e a desumanidade se manifestam quando essa gente nefasta apoia todo tipo de tentativa de golpe que envolve privar a população de serviços básicos, de alimentos, medicamentos, vacinas e do direito de ir e vir. É triste e revoltante que não são poucos no rock que apoiam esse tipo de coisa.

A banda Semblant brincou com a opinião pública ao simular um "afastamento" de uma integrante - que nunca ocorreu -  apenas para preservar uma abertura de um show de uma banda importante - e que não teve estofo e coragem para enfrentar a pressão pelo cancelamento dos shows de abertura da banda holandesa Epica. 

Na verdade, trocou uma eventual "manutenção de credibilidade" por fidelidade ideológica a ideias estapafúrdias de uma corrente política negacionista e medieval, que envergonha os que são verdadeiramente conservadores, mas democratas.

O teatro encenado pela banda paranaense, que fala em "união" nas redes sociais e em "lealdade", soa desrespeitoso e vexaminoso quando o que está em jogo é a sobrevivência econômica de várias regiões que desaprovam os bloqueios golpistas. que sofrem com o desabastecimento. Que sofrem com o agravamento de problemas de saúde e riscos de morte.

Será inevitável: a cada show dessa banda e a cada álbum a ser lançado no futuro, a sombra da criança que pode ter ficado cega pairará e dificilmente descolará. Será um espectro pesadíssimo para se carregar por muito tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário