domingo, 20 de novembro de 2022

É brega, mas é brutal - e muito divertido, e muito bom...

Nelson Souza Lima - especial para o Combate Rock

Antes de qualquer coisa é bom ficar claro: Brutal Brega é diversão. A nova banda/projeto de João Gordo, vocalista do Ratos De Porão, mostra arranjos punk/hardcore para canções clássicas do cancioneiro popular brasileiro. 

A ideia surgiu no meio da pandemia como uma brincadeira do guitarrista Val Santos (Toyshop) para driblar o isolamento imposto pela pandemia. Santos deu corda no projeto e logo um repertório estava pronto para ser gravado, lançado e divulgado nas redes sociais. A coisa amplificou e ganhou também versão física cujo show de lançamento rolou no Blue Note no ia 18 de novembro.

A casa localizada no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, região central de São Paulo, é ambiente requintado. Inspirada no homônimo de Nova York, prima por levar shows intimistas de artistas mais na linha jazz, mas também recebe grandes nomes da MPB, do pop e do rock nacional e uma galera de fora.

Como é um local no qual o público fica sentado, praticamente colado no palco dá pra curtir os shows e depois até trocar ideia com os artistas.

O show marcado para às 22h30 teve um pequeno atraso de meia hora. Alerta devidamente dado pelo Val que subiu ao palco vestido meio Chapeleiro Louco, meio Chacrinha.

Na abertura um dial "passeando" pelo rádio lembrou as vinhetas de programas antigos como Barros de Alencar e Zé Bettio. As portas da breguice estavam abertas para um repertório porrada que agradou a plateia. Quem não tem seu lado brega?

Além de Gordo e Santos a Brutal Brega é integrada por alguns dos caras mais talentosos e gente fina do rock nacional. No baixo ET, ex-Muzzarelas, na batera Guillas, Toyshop e Viper e na guita base o Veco, outro brother das antigas do Val.

João Gordo, como bom mestre de cerimônias brega, usava um terno quadriculado, bem cafona e, diferentemente da rigidez dos shows do Ratos De Porão, se diverte contando ótimas tiradas e fazendo piada de tudo. O cara tá super à vontade.

Ao cantar "Pavão Misterioso", de Ednardo, lembrou que na infância era chamado de Redondo. Uma referência ao personagem de Wilsa Carla, (1936-2011), a Dona Redonda na novela "Saramandaia", de Dias Gomes. "Pavão Misterioso" foi música tema do folhetim global, isso no longínquo 1975.

Abrindo o set "Fuscão Preto", pérola de Almir Rogério. Lançada em 1982 é uma ode ao chifre e dor de cotovelo. Na sequência o quinteto mandou "Tenho", de Sidney Magal. O vocalista disse que na adolescência odiava Magal e que agora estava pagando todos os carmas. 

O repertório trouxe mais duas de Magal: "Amante Latino" e "Sandra Rosa Madalena", essa última cantada a plenos pulmões pela galera.

Como são músicos experientes os caras fizeram alguns crossovers ramonianos nas músicas, o que ficou muito legal.

Outras pérolas bregas como "Feiticeira" e "Ciganinha" do potiguar Carlos Alexandre (1957-1989), "Domingo Feliz", de Ângelo Máximo, "A Namorada Que Sonhei (Standby)", de Nilton César e "Tô Doidão", do Reginaldo Rossi (1944-2013) estiveram no repertório.
Fechando o show mandaram "Pombo Correio", de Moraes Moreira (1947-2020) e "Tropicana" do Alceu Valença.
Um set curto de pouco mais de 50 minutos, mas que agradou ao público. Após a apresentação os músicos ficaram no maior papo com os fãs e Val Santos disse que a banda não será efêmera.

Nos planos do quinteto estão lançar mais dois álbuns com clássicos bregas e um com standards da MPB. Sem dúvida, uma banda brega e chiquérrima.

Repertório

Brutal Brega - Blue Note - 18 de novembro
Fuscão Preto
Tenho
Ciganinha
Pavão Misterioso
Amante Latino
Domingo Feliz
Pepino
Feiticeira
A Namorada que Sonhei (Standby)
Sandra Rosa Madalena
Atrás do Trio Elétrico
Tô Doidão


Bis
Pombo Correio
Tropicana

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