Uma preciosidade que quase vale os dez CDs do lançamento anterior. Aparentemente sem muito planejamento, The Who relança mais uma vez sua melhor obra, o álbum "Who's Next", em edição expandida, ms com uma peculiaridade: nove faixas e os 14 bônus foram remixados pelo músico e produtor inglês Steven Wilson, guitarrista e vocalista da banda de metal progressivo Porcupine Tree.
Respeitadíssimo na Inglaterra e considerado um fanático por classic rock e rock progressivo, também remixou vários relançamentos de Yes, Genesis, King Crimson, Jethro Tull e Emerson lake and Palmer, entre outras bandas.
No caso de "Who's Next", de 1971, produzido pela banda e pelo mago Glyn Johns, o que era muito bom ficou diferente e muito interessante - ouso dizer que melhorou o que já era fantástico.
Álbum de estúdio que teve a dura missão de suceder o álbum duplo "Tommy", de 1969, considerada a primeira ópera-rock da história - primazia que disputa, com muita polêmica, com "S.F. Sorrow", dos Pretty Things, e "Arthur", dos Kinks - "Who's Next", na realidade, é um arremedo de restos de um projeto abortado e fracassado. E ainda assim é o melhor disco do Who, que costuma frequentar muitas listas de melhores de todos os tempos.
Depois de "Tommy", o guitarrista e compositor Pete Townshend quebrou a cabeça para criar uma obra que superasse a anterior.
"Lifehouse" seria outra ópera-rock, com um roteiro que ambientava a história em um futuro distópico, quando uma ditadura mundial aboliu a arte e a cultura. Grupos subversivos habitando os subterrâneos pretendia derrubar o governo com o auxílio da música, e um grupo de rock seria o veículo para espalhar a revolução - The Who.
A história era tão intrincada e complexa que ninguém entendeu - e Townshend não conseguia explicar direito, Vários atrasos no cronograma e um esgotamento mental levaram o guitarrista ao hospital e "Lifehouse" foi engavetado. Só que as muitas coisa gravada eram ouro puro e as melhores foram agrupadas em "Who's Next", que nada tinha de conceitual, como na ideia original.
A produção sóbria e equilibrada de Glyn Johns foi elogiada pela timbragem perfeita das guitarras e pela valorização dos sons extraídos de uma então novidade, o sintetizador. Os maiores hinos do disco, "Baba O'Riley", a abertura, e o épico "Won't Get Fooled Again", são gigantes muito por conta dos teclados.
Steven Wilson, um mago da produção, fez uma espécie de "rebalanceamento" dos instrumentos e colocou mais evidência detalhes e instrumentos que estavam meio escondidos. Ele não fez nada de extraordinário, mas ao realçar certos arranjos o produtor acrescentou coloridos diferentes.
Os violões ganham proeminência em canções como "Bargain", "Love Ain't For Keeping" e " Mobile". "Song Is Over" e "Getting in Tune" ficaram mais imponentes, assim como "My Wife", composta e cantada pelo baixista John Entwistle, a única música que não era de "Lifehouse".
"Won't Get Fooled Again", imponente e grandiosa, ficou ainda maior, com as guitarras mais na frente, rivalizando com os teclados. Um trabalho impressionante de resgate e de "ourivesaria".
Um senão foi a bela e comovente "Behind Blue Eyes", uma senhora balada que perdeu um pouco de ua dramaticidade com a segunda parte, mas rock e pesada, perdendo potência na valorização de outros sons.
Wilson também brilha nos bônus, maioria de canções de "Lifehouse" que apareceriam na coletânea "Odds an Sods", em suas várias edições ao longo dos anos.
Por terem sis edo descartadas, "Too Much of Anything", "Put the Money Down" e "I Don't Even Know Myself", por exemplo, não tinha recebido as mixagens adequadas e soavam incompletas e desleixadas, mesmo com os melhoramentos ao lo go dos anos. Wilson resolveu esses problema de forma brilhante e agora é possível ouvir perfeitamente as bases de violão e o baixo bem elaborado.
O mesmo pode ser dito em relação a singles maravilhosos que nunca voaram alto, como "Let's See Action", "Water" e "Naked Eye", que ganham novos contornos.
A primeira têm várias nuances realçadas que quase transformam a canção. "Water" e "Naked Eye" reaparecem aqui em outras versões, ao vivo em estúdio, com vocais diferentes e mais ousados, onde o vocalista Roger Daltrey se mostra mais solto - e isso foi captado de forma brilhante por Steven Wilson. O mesmo pode ser dito em rela~~ao ao baio de Entwistle, que ganha proeminência nestas versões.
Sabiamente o autor das versões remixadas, aparentemente, não mexeu em nada no volume e nos detalhes da bateria de Keith Moon. Seria um sacrilégio.
Em relação ao lançamento em si, desta versão, acabou sendo uma boa ideia lançá-la fora da caixa de dez CDs que chegou ao mercado em julho, justamente para realçcar o excelente trabalho de Wilson.
A caixa contêm o álbum original com os bônus da edição do começo do século, gravações demos e os shows ao vivo do Young Vic Theatre, de em Londres, em abril de 1971, e do monstruoso show de San Francisco realizado em dezembro do mesmo ano.
Clique aqui para saber mais detalhes da caixa com dez CDs. E, aqui, saiba mais sobre o projeto fracassado "Lifehouse".
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