quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Uma decisão de Bruce Dickinson, há 30 anos, lançou dúvidas no futuro do Iron Maiden

A maior banda de metal do mundo perde o seu vocalista, o melhor de todos. Seria o fim para a maioria dos grupos, exceto para aqueles que têm um membro capaz de carregar o mundo ans costas e seguir em frente, como ocorreu com o Van Halen (David Lee Roth saiu e o guitarrista Eddie Van Halen segurou as pontas) e Judas Priest (Rob Halford foi para a carreira solo e Glen Tipton assumiu o leme). 

Poderia o Iron Maiden superar a saída de Bruce Dickinson em 1993? O baixista e dono da banda, Steve Harris, tinha certeza que sim e, como tinha feito anteriormente nas demissões de Dennis Wilcock e Paul Di'Anno, foi em frente e não teve medo do futuro.

Ha 30 anos, o cantor Bruce Dickinson achou que precisava de novos ares e avisou com antecedência que sairia. A banda se preparou, em meio à decepção e irritação dos companheiros, mas ainda assim o futuro parecia incerto: quem poderia substituir o melhor de todos, com a banda em seu auge na performance ao vivo e nos altos patamares de vendas?

Harris tinha certeza de que a banda não iria acabar, mas não tinha tata certeza de como continuar. Não queria recomeçar de novo, mas o destino o obrigou a sair à caça de um novo vocalista. "Nunca quisemos ter alguém na banda contra a vontade. Sempre cobrei o máximo de todos e comprometimento total, e não hesitei em trocar peças. Se ele quer sair, então que seja", declarou o baixista, resignado, ao jornalista inglês Mick Wall no bom livro "Run to the Hills", que conta a história da banda e e que tem uma versão em português.

Ele rechaça a ieia de que a banda correu riscos, mas o empresário do Iron Maiden, Rod Smallwood, no mesmo livro, afirma que a coisa não era tão simples assim, "Bruce fez parte de um período extraordinário da banda em seus 12 anos conosco e é um grande responsável pelo salto de qualidade que o Maiden deu a partir de 1982, Está intimamente relacionado ao sucesso mundial, é uma das caras da banda."

Ele retornaria seis anos depois ao posto que sempre foi seu, por direito, mas precisou se abrir para o mundo e fracassar de seu próprio jeito - se é que dá para falar em fracasso com quatro álbuns de estúdio de bom nível e um respeito ainda maior como compositor. 

Entretanto, a questão é que os dias maravilhosos de Iron Maiden incomodavam quando havia a comparação com a carreira solo: menos shows, locais menores, menos dinheiro, turnês mais curtas e custos mais altos. Sua volta seria inevitável, pois ele precisava do Maiden.

E a banda descobriu um pouco tarde que precisava de Dickinson. Foram seis anos de sucesso, mas não no mesmo nível com o vocalista Blaze Bayley, que gravou dois álbuns de boa qualidade, mas que não fora suficientes para que mantivesse o antecessor no passado.

Ele chamou a atenção do Iron Maiden quando sua banda, Wolfsbame, abriu uma miniturnê inglesa em 1990 dos gigantes dos metal. O vocalista ficou muito amigo de todos os integrantes do Iron Maiden e impressionou pela entrega e pela potência vocal.

Ainda assim, causou estupefação quando foi escolhido para substituir Dickinson por Steve Harris. "Sempre estive de olho nele e o admirava. Era festeiro, mas muito profissional e comprometido. e não era um clone de Bruce. Para mim, era o cara certo."

Mesmo com a desconfiança dos colegas e banda, Bayley assumiu e fez bom trabalho, surpreendendo a todos. A banda e o ovo vocalista só não contaya com uma rejeição permanente por parcela expressiva dos fãs durante o período em que o substituto esteve no Maiden.

No entanto, não foi por isso que Blaze Bayley foi demitido. "Fizemos duas turnês mundiais ótimas, mesmo com algumas inconsistências do cantor no palco, e dois álbuns que acho muito bons", disse Harris no livro de Wall. "O 'The X Factor', com Blaze, é um dos meus três favoritos do grupo. A questão é que a terceira turn~e foi muito complicada com os constantes problemas de saúde e vocais de Blaze. Infelizmente a performance vocal dele não aguentava o nosso ritmo intenso, com muitos shows de mais de duas horas cada um. Tivemos de tomar uma providência."

A decisão d demitir Bayley ocorreu em meados de 1999, e imediatamente Dickinson foi contatado. Com o seu sinal verde dado a Smallwood, restava ao empresário tentar convencer Harris e o baterista Nicko McBrain a aceitar o vocalista de volta - eram os mais reticentes, ainda aborrecidos com a saída de Bruce.

Uma conversa amena e regada a cerveja na casa de Smallwood selou a paz e o retorno mas do que necessário de Dickinson à banda.

"Não houve briga quando ele saiu, mas é óbvio que ficou algum ressentimento", contou Harris. "Dede o último show dele, naquele especial de TV misturado com show ao vivo, em 1993, não tínhamos mais nos falado. Quando entramos na sala da casa de Rod, havia receio de ambos os lados, que sumira quando nos abraçamos ao nos cumprimentarmos. bebemos muita cerveja e conversamos bastante sobre tudo, menos sobre música. Quando nos despedimos, eu simplesmente disso: 'espero você no estúdio na quarta-feira'. Ele estava de volta,"

Com o guitarrista Adrian Smith a tira-colo - tinha saído em 1990 -, Dickinson trouxe nova vida ao desgastado Iron Maiden que patinava com Bayley.

 Como um sexteto, a banda renasceu e mergulhou fundo no heavy metal progressivo e se manteve no topo das bandas de heavy metal. E então o Maiden experimentou algo qu nunca tinha conseguido em anos e anos de carreira: uma estabilidade de formação que parece duradoura: 24 anos com  mesma formação, que tem Dickinson, Harris, McBrain e os guitarristas Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers.

Em plena atividade, a banda ainda promove o último álbum, "Senjutsu", de 2021, e Steve Harris começa a pensar no que fazer entre 2024 e 2025, período do cinquentenário do grupo. 

O baixista olha para trás e tem certeza de que o grupo sofreu um tremendo baque com a saída de seu grande vocalista, e que só sobreviveu em alto nível graças ao retorno dele. 

Será que era necessário ter passado pelo rompimento para ganhar a estabilidade tão desejada - estabilidade, não acomodação?

"Isso e irrelevante, pois não controlamos os acontecimentos. Só conseguimos dirigir nossas vidas até certo ponto. Do meu ponto de vista, o triunfo atual do Maiden é uma consequência natural dos eventos do passado, Soubemos aprender e aproveitar", comentou Dickinson em 2010 quando do lançamento do álbum "Final Frontier". 

Harris concordou, em recente entrevita para a imprensa inglesa: "o que somos hoje é consequência de nossa história. Sempre crescemos nas turbulências, em especial quando trocamos de vocalistas e guitarristas. Acho que aprendemos com os eventos do passados e atingimos o equilíbrio almejado, tanto que essa formação completará 25 anos o ano que vem."

 

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