quarta-feira, 25 de outubro de 2023

São Paulo ganha prêmio internacional de música que sirva para fomentar mais a cultura

Os mais fissurados em rock clássico e heavy metal sempre alimentaram um sonho de morar em Londres nos anos 70 e 80 por conta da suposta facilidade de ter acesso aos shows dos sonhos. na segunda, ver Deep Purple no Marquee Club; na terça, Eric Clapton no Royal Albert Hall; na quarta, Led Zeppelin no Earl's Court; na quinta, Judas Priest no Hammersmith Odeon; na sexta; The who no estádio do Charlton; no sábado, Rolling Stones na Wembley Arena...

Jamais poderíamos imaginar que 40 ou 50 anos depois teríamos São Paulo como uma das cidades cobiçadas por conta de sua vida cultural e da grande oferta de shows nacionais e internacionais.

Pois é isso que aponta uma pesquisa que resultou em um prêmio concedido à capital paulista, eleita a "Melhor Cidade Global da Música" em 2023 pela Music Cities Events, em solenidade realizada no Alabama, nos Estados Unidos.
 
A entidade é parceira oficial da ONU e se dedica a desenvolver e aprimorar práticas socialmente responsáveis e a reduzir o impacto ambiental de eventos globais. 

Há 12 anos, realiza o prêmio global Music Cities Awards para reconhecer as ações mais notáveis da música para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural.

Na edição deste ano, São Paulo concorreu com outras nove cidades na categoria “Melhor Cidade Global da Música” e chegou à final com Manchester, no Reino Unido, e Frutillar, no Chile.

Essa categoria premia o município que apoia ativamente o meio musical, seja com a produção, seja oferecendo infraestrutura para receber eventos. E que também promove a inclusão, desenvolvimento econômico, saúde, turismo, planejamento urbano, economia noturna e construção comunitária, por exemplo.

Durante o Music Cities Convention são apresentadas as melhores práticas adotadas por líderes nas áreas do planeamento urbano, música, desenvolvimento econômico, turismo, meio acadêmico, e também projetos bem-sucedidos desenvolvidos por organizações sem fins lucrativos e organismos públicos e privados.

-E evidente que a comparação com a Londres do período 1965-1985 soa fora de propósito - aliás, desde sempre, até  mesmo com os dias da hoje em termos de oferta -, mas o prêmio é merecido porque São Paulo é parada obrigatória de qualquer artista internacional, e de qualquer calibre. 

Recentemente, e um domingo, na área do rock, quatro bandas internacionais disputavam as atenções dos consumidores na capital paulista. algo quase nunca visto por aqui.

"Este prêmio vem para reconhecer a importância de São Paulo no cenário musical internacional, com seus grandes festivais privados e grandes investimentos públicos descentralizados para fazer a cultura chegar à população mais carente onde ela é realmente necessária”, declarou a secretária Municipal de Cultura, Aline Torres. 

Segundo os organizadores da 12ª edição, este ano foi realizado o maior concurso, com mais de 200 candidaturas provenientes de 25 países espalhados por seis continentes. O evento já passou por pelo Reino Unido, Alemanha, Austrália, China, Coreia do Sul, Canadá e agora está sendo realizado novamente nos Estados Unidos.

Em termos práticos, o que o prêmio significa? Apenas uma ferramenta de propaganda para uma administração que nunca valorizou a cultura e o entretenimento, por mais que estes tragam altos volumes de recursos para a cidade.

Todos os megaeventos citados como "importantes" para o reconhecimento e para a concessão do prêmio sempre estiveram no calendário da cidade há pelo menos 20 anos, no mínimo. Nenhum foi uma conquista ou demandou investimento de competência ou inteligência da equipe do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que mais se notabiliza pelas seguidas mudanças na Virada Cultural coo objetivo de desidratá-la.

The Town em São Paulo em 2023? Era um projeto antigo da empresa de Roberto Medina, responsável pelo Rock in Rio, e seria realizado em São Paulo de qualquer maneira. É um projeto de no mínimo três anos.

A prefeitura vai faturar politicamente e nada de substancial vai mudar. Alguns eventos gratuitos, no caso do rock, ainda contam com apoio da administração municipal, como os shows de julho, o mês do rock, e o Rockfun Fest, mas ainda é nada perto do espaço que pode ser ocupado com o apoio do poder público.

Quantos shows de rock, rap, MPB e outros gêneros beneficiando artistas do underground são capazes de serem realizados mensalmente, ou semanalmente? 

Estrutura a prefeitura tem, em toda a cidade, em seus teatros e centros culturais. Falta investimento e mais vontade política para melhorar ainda mais o cenário musical da cidade, especialmente nos eventos gratuitos. 

O reconhecimento é, em parte, merecido, e que o prêmio sirva para estimular o apoio púbico aos artistas que têm menos visibilidade e oportunidades.

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