O sorriso que o baixista e cantor Roger Waters exibiu neta segunda-feira em Brasília é a maior resposta aos adversários e inimigos que angariou ao longo de uma vida de engajamento político e prol de teses progressistas e antifascistas.
Recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Palácio da Alvorada, o ex-integrante do Pink Floyd fez questão de dizer que rodos riram por último após um período tenebroso da vida brasileira a partir de 2019, com ascensão do nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Cinco anos atrás eu fui impedido de visitar Lula na cadeia e fui atacado por extremistas d direita", disse o músico. "Hoje eu o visito na sede do governo como um dos chefes de Estado mais importantes do mundo."
Waters vai começar hoje (24), em Brasília, uma miniturnê brasileira de sete hows. Em 2018, ele tocou em várias cidades do país durante a campanha eleitoral e foi ameaçado e xingado por exibir, nos telões do show, mensagens progressistas e antifascistas, além de listar, na época, políticos autocratas e inimigos da democracia no mundo, incluindo Jair Bolsonaro. Para azar dos brasileiros, ele estava com a razão.
Tentou visitar Lula na prisão, em Curitiba (PR), mas foi desaconselhado depois que assessores receberam informações de que que a Justiça negaria o pedido.
Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, Lula e Waters conversaram sobre política e música. O presidente Lula falou da importância de um artista de tamanha influência e alcance manter sua consciência política e expressar suas convicções.
Roger Waters disse que apenas fala para as pessoas a respeito dos seus sonhos, como o de querer ver a Declaração Universal dos Direitos Humanos, feita em Paris em 1948, como lei no mundo.
O músico é um dos fundadores da banda Pink Floyd, na qual atuou como baixista e vocalista. A banda alcançou sucesso nos anos 1970 com álbuns conceituais como "The Dark Side of the Moon, que completou 50 anos em 2023.
Na passagem por Brasília, além do show na Arena Mané Garrincha e do encontro com Lula, Roger Waters visitou a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) e concedeu uma entrevista ao programa "Dando a Real com Leandro Demori".
Ele falou sobre música e política e se emocionou ao comentar a prisão do ativista australiano Julian Assange, que está preso na Inglaterra. Assange é acusado de vazar documentos informações secretas dos Estads Unidos e outros países ocidentais.
Aos 80 anos, mostrou-se bastante articulado e defendeu que os artistas devem usar suas vozes para falar contra as guerras e disse estar muito triste com o atual conflito entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas, que controla a região da Faixa de Gaza, no Oriente Médio.
“Na minha opinião, você tem que seguir suas convicções políticas, especialmente se elas se baseiam em humanismo. É muito importante defender e dizer: pare o genocídio em Gaza. Eu estou quase chorando, sentado agora nesse estúdio de TV. Meu coração não está aqui em Brasília, está lá [em Gaza]”, afirmou, de acordo com texto da Agência Brasil, que teve acesso à gravação do programa, que vai ao ar nesta terça-feira, à TV Brasil.
Ao longo da conversa, ele defendeu que as pessoas sentem e discutam, como se estivessem em uma mesa de bar, para que consigam compreender melhor os desafios atuais da humanidade.
Para quem o acusa de oportunismo no caso do conflito no Oriente Médio, Roger Waters dá de de ombros e afirma que defende causa palestina desde anos 70, além de militar contra o fascismo desde sempre.
De orientação socialista e progressista, o músico sempre criticou a postura norte-americana de querer ser dominante na política internacional e, com isso, apoiar governos e regimes que se contrapõem à ideologia libertária ianque.
É o caso da postura israelense em relação aos palestinos no conflito que já dura 75 anos. Waters condena a política de opressão e repressão total contra os árabes da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, fazendo campanhas insistentes de boicote cultural a Israel no mundo pop. Anos atrás, chegou a se indispor com Caetano Veloso e Gilberto Gil quando pediu a estes que cancelassem shows em Israel.
A atual turnê, que Roger Waters promete ser a última de sua carreira, chama-se "This Is Nota Drill" e traz cerca de 20 clássicos de Roger Waters e também do período em que esteve no Pink Floyd.
Presentes no set list estão "Us & Them", "Comfortably Numb", "Wish You Were Here", e "Is This The Life We Really Want?". Waters também apresenta uma nova composição, "The Bar". Alguns shows da turnê estão sendo transmitidos ao vivo em cinemas ao redor do mundo.
Agenda de shows no Brasil
24/10 – Brasília – Arena BRB Mané Garrincha
28/10 – Rio de Janeiro – Estádio Nilton Santos / Engenhão
01/11 – Porto Alegre – Arena do Grêmio
04/11 – Curitiba – Arena da Baixada
08/11 – Belo Horizonte – Mineirão
11/11 – São Paulo - Allianz Parque - ESGOTADO
12/11 – São Paulo - Allianz Parque
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