quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Como o cantor Blaze Bayley foi do céu ao inferno há 30 anos nos Iron Maiden

Há uma lenda que diz que todo vocalista do Iron Maiden faz um pacto com o diabo: enquanto fica na band saboreia todo o sucesso do mundo; fora dela, é acometido de uma maldição qu conjuga fracosso comercial e problemas de saúde.

Dennis Wilcock, que saiu em 1978, perambulou por várias bandas até submergir no ostracismo; Paul Di'Anno, seu substituto, gravou os dois excelentes primeiros álbuns, ams foi demitido por abuso de várias substâncias, inconsistências vocais non palco e problemas de relacionamento interno. Criou algumas bandas, tentou carreira solo e sempre esteve longe do sucesso, além de ser acometido por uma série de problemas de saúde em seus 66 anos de vida.

Bruce Dickinson entrou em seu lugar em 1981 e ficou por 12 anos. Decidiu sair por conta própria, teve uma carreira solo interessante e viu seu prestigio artístico aumentar, mas o comercial despencar. Voltou em 1999.

E Blaze Bayley, que substituiu Dickinson em 1993? Há 30 anos, a saída de Bruce colocou uma enorme interrogação no futuro do Iron Maiden, e as desconfianças amentaram no fim de 1993, quando Steve Harris, o baixista e dono do Iron Maiden, bateu o martelo e escolheu Bayley, da banda Wolfsbane, como o novo cantor da banda.

"Eu já sabia que o Wolfsbane não tinha futuro, não tínhamos estourado. Só me faltava coragem para sair e mudar o meu destino. E então o Iron Maiden surgiu. claro que aceitei o convite de fazer uma audição. quem não agarraria uma oportunidade daquelas?", disse o vocalista no livro "Run to the Hills", do jornalista inglês Mick Wall, com edição em português.

Bem mais novo do qu o resto da banda, Bayley era a escolha menos óbvia para o lugar vago. Tinha uma voz potente e ótima presença de palco, mas um registro mais grave e baixo que o de Dickinson. "Eu quis mudar totalmente, Para que eu precisava de um clone de Bruce?", resumiu Steve Harris no livro de Wall.

Houve até uma "brincadeira" de concurso mundial para a "escolha" do novo vocalista, no qual supostamente o brasileiro Andre Matos, então no Angra, teria sido um dos finalistas. Tudo balela: Bayley sempre fora a primeira e quase única opção, segundo Harris, e já estava escolhido quando inventou-se o "concurso" mundial. 

Blaze Bayley, da banda Wolfsbane, foi o escolhido para substituir Dickinson. Cantor completamente diferente, com voz potente, as grave e gutural, foi rejeitado pela maioria dos fãs desde o começo. 

O Iron Maiden insistiu com ele por cinco anos e dois álbuns apenas razoáveis, mas não teve jeito a não ser atender ao clamor dos fãs: negociou a volta do antecessor e demitiu Blaze em 1999.

Bayley chamou a atenção do Iron Maiden quando sua banda, Wolfsbame, abriu uma miniturnê inglesa em 1990 dos gigantes dos metal. O vocalista ficou muito amigo de todos os integrantes do Iron Maiden e impressionou pela entrega e pela potência vocal.

Ainda assim, causou estupefação quando foi escolhido para substituir Dickinson por Steve Harris. "Sempre estive de olho nele e o admirava. Era festeiro, mas muito profissional e comprometido. e não era um clone de Bruce. Para mim, era o cara certo."

Mesmo com a desconfiança dos colegas e banda, Bayley assumiu e fez bom trabalho, surpreendendo a todos. A banda e o ovo vocalista só não contava com uma rejeição permanente por parcela expressiva dos fãs durante o período em que o substituto esteve no Maiden.

Os discos "The X-Factor" e "Virtual XI" lançados entre 1995 e 1998, são muito interessantes e mudaram completamente a forma de como o Iron Maiden se apresentava - mais soturno, sombrio e melancólico, mas muito pesado. Chocou os fãs ais radicais, que nunca aceitaram Blaze.

Na verdade, haveria uma imensa má vontade com qualquer um que assumisse os vocais no lugar de Bruce. A questão é a seguinte: ninguém serviria para substituir quem quase todos achavam "insubstituível", fosse quem fosse. 

A rejeição não foi total mas expressiva. No entanto, não foi por isso que Blaze Bayley foi demitido. "Fizemos duas turnês mundiais ótimas, mesmo com algumas inconsistências do cantor no palco, e dois álbuns que acho muito bons", disse o baixista Steve Harris, dono do Iron Maiden, no livro de Mick Wall.

 "O 'The X Factor', com Blaze, é um dos meus três favoritos do grupo. A questão é que a terceira turnê foi muito complicada com os constantes problemas de saúde e vocais de Blaze. Infelizmente a performance vocal dele não aguentava o nosso ritmo intenso, com muitos shows de mais de duas horas cada um. Tivemos de tomar uma providência", explicou Harris.

A decisão d demitir Bayley ocorreu em meados de 1999, e imediatamente Dickinson foi contatado. Com o seu sinal verde dado a Smallwood, restava ao empresário tentar convencer Harris e o baterista Nicko McBrain a aceitar o vocalista de volta - eram os mais reticentes, ainda aborrecidos com a saída de Bruce.

Blaze Bayley engatou uma carreira solo de altos e baixos, embora não tenha lançado nenhum disco solo ruim. Passou pela morte de uma esposa, um divórcio e teve diversos problemas de saúde, o mais grave um ataque cardíaco em 2022.

Não sei se Blaze Bayley acredita na maldição dos ex-vocalistas do Iron Maiden. Na década passada, tocando para poucas pessoas em um salão de festas travestido de bar em São Bernardo do Campo (ABC paulista), o cantor se mostrava grato pela oportunidade de ainda viajar pelo mundo e cantar. E sem ressentimento aparente em relação à ex-banda.

"Estou aqui hoje, e estive várias vezes no Brasil, graças ao Iron Maiden. Fiz amigos pelo mundo e sou respeitado por conta de meu trabalho. Jamais reclamarei de alguma coisa. Toquei para ilhares de pessoas em estádios e vi discos com a minha participação venderem muito. Hoje eu saboreio esse legado e continuo tocando e cantando pelo mundo. E farei isso por muito e muito tempo", disse Blaze a este jornalista.


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