sábado, 31 de outubro de 2020

Guerra eleitoral americana mobiliza celebridades e músicos do rock

Marcelo Moreira

"Faça a América Grande Novamente." Então vote em Joe Biden para presidente dos Estados Unidos. Expulsar Donald Trump da Casa Branca deveria ser um dever cívico de todo cidadão norte-americano. Aliás, dever cívico é votar em um país onde o voto não é obrigatório e os índices de comparecimento às urnas são tradicionalmente baixos no berço da democracia.

O slogan do começo do texto é de Trump, usado desde a campanha de 2016, quando ele surpreendentemente ganhou da da democrata Hillary Clinton. Claro que não passa de mais uma trapaça de um milionário embusteiro que não paga imposto e que apoia supremacistas brancos, racistas e nazistas de todos os tipos.

Assim como em 2016, Trump vai perder feio no total de votos populares, mas tem chance de ganhar no colégio eleitoral, que é onde se decide a eleição, com os delegados estaduais. Sua reeleição será uma tragédia.

Não são poucos os analistas políticos pelo mundo que reforçam a ideia de que a democracia está ameaçada nos Estados Unidos por um presidente que não respeita as leis, que ignora o respeito aos direitos humanos e o meio ambiente. 

Sua pavorosa atuação no combate à covid-19 - que o acometeu, inclusive - é a responsável pelo país liderar as estatísticas mundiais de mortes e número de infectados. 

Sua política externa é perigosa por conta das idiotices que fala e pratica em relação à China e pelos acordos espúrios e inacreditáveis que patrocina em relação a algumas nações árabes pouco relevantes no reatamento com Israel.

Não é à toa que um ser execrável e desqualificado como Trump é admirado por uma figura risível como Jair Bolsonaro, presidente do Brasil e ainda mais tosco e primitivo, mas igualmente perigoso e depredador.

É claro que Trump, desprezível e que reúne os priores predicados, atrairia o apoio de artistas controversos e pouco afeitos á democracia. No rock, são vários e notórios os músicos que ignoram os malfeitos e se mostram seduzidos pela "personalidade diferente e por um genuíno sentimento de patriotismo", seja lá o que quis dizer um conhecido ator de TV.

É claro que entre os seus apoiadores está Ted Nugent, conhecido guitarrista de hard rock que fez alguns trabalhos legais nos anos 70 com a banda Amboy Dukes e em carreira solo.



Dave Grohl, dos Foo Fighters, apoia Joe Biden (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Nugent, no entanto, nunca disfarçou suas tendências direitistas, preconceituosas, discriminatórias e homofóbicas, além de racistas. Detesta imigrantes e é um fervoroso defensor do porte de armas. Há quem garanta que também detesta negros, mas até hoje nenhuma declaração pública dele neste sentido apareceu.

O cantor Kid Rock e outro que não tem vergonha de se associar a uma figura nesta campanha. Já o tinha fito em 2016. Para ele, o atual presidente defende os "verdadeiros valores americanos", embora não saiba se expressar direito sobre quais são esses valores.

Surpreendente foi o anúncio o público de Ace Frehley (ex-Kiss), em uma entrevista. Para ele, Trump, como todos os políticos, tem seus esqueletos nos armários, mas parece sincero em suas proposições e em sua atuação pra garantir o melhor para o país.

Do outro lado do Atlântico, o inglês John Lydon/Johnny Rotten, ex-vocalista dos Sex Pistols, deixou-se fotografar em entrevistas com camisetas em apoio a Trump. Ele não pode votar, mas nem assim desistiu de passar vergonha, tendo imensas dificuldades em explicar o porquê de um punk icônico apoiar um republicado direitista que reúne os piores predicados.

Joe Biden, o candidato republicano, reúne as maiores esperanças de vencer e acabar com o reinado de estupidez e de destruição da ética e bom senso que domina a política norte-americana. Tem o apoio da imensa maioria das celebridades do entretenimento e do esporte.

Entre os atores, destacam-se Tom Hanks, Jennifer Aniston, e Dwight Johnson (The Rock), além de gente como Susan Sarandon, Tim Robbins e muitos outros.

No rock, Biden conseguiu o apoio de pesos pesados como Dave Grohl (Foo Fighters), Tom Morello e Zack de la Rocha (Rage Against the Machine) e Jon Bon Jovi, além de personalidades da música alternativa, como integrantes de bandas como Bad Religion. Em relação a outros gêneros musicais, os destaques são Taylor Swift, John Legend e Billie Eilish.

O maior desafio desses artistas será neutralizar uma campanha diversionista de Trump para que eleitores de algumas minorias - negros e hispânicos - não compareçam pra votar em estados importantes, como a Flórida. 

Neste estado, vergonhosamente pastores evangélicos incentivam abertamente latinos com cidadania a ficarem em casa, o que poderia dar algum tipo de vantagem a Trump, segundo alguns analistas.

Misógino, xenófobo, racista e preconceituoso, inacreditavelmente tem uma parcela expressiva de votos de negros e hispânicos, além de mulheres, em todos os segmentos. 

A vantagem de Biden nas pesquisas é grande, mas não o suficiente para lhe dar a vitória. É certeza que terá mais votos que Trump, mas nada lhe garante que tenha mais de 270 delegados para consumar a vitória no colégio eleitoral.

Clique aqui para saber como funciona o sistema de eleição presidencial nos Estados Unidos, em que, de forma preocupante, quem tem mais votos às vezes não ganha, como ocorreu em 2000, com George W. Bush, e em 2016, com Donald Trump.

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