Oportuna e criativa, versão de 'Tainted Love' traz o Sepultura em plena diversificação
Marcelo Moreira
Já tinha sido assim no EP "Roorback", de 2003: versões
inusitadas de músicas de artistas pop, muito pesadas, mas ainda assim estranhas
ao cancioneiro extremo do Sepultura. "Bullet the Blue Sky", do U2,
ficou maravilhosa, mais épica, claustrofóbica e dramática do que a original,
por exemplo.
O quarteto brasileiro de heavy metal investe agora novamente em uma
versão diferente para um clássico da música pop oitentista. "Tainted
Love", da dupla de techno-synth-pop Soft Cell, foi a escolhida, e gravada
para integrar a minissérie "Desalma", do Globoplay, um drama de
terror.
Fazer esse tipo de escolha é um campo minado, mesmo em um período em que
a banda curte a excelente repercussão do CD "Quadra", lançado em
janeiro deste ano. Foi desta forma com "Roorback", que era um
empreendimento mais arriscado.
Como é difícil que o Sepultura erre a mão atualmente, "Tainted
Love" surpreende pela presença de elementos eletrônicos e arranjos um
pouco diferentes. É uma versão pesada, mas não extrema, o que mostra a banda
está frme e forte no caminho da experimentação e diversificação.
Coim 36 anos de carreira e mudanças variadas na formação, o Sepultura
não tem medo de arriscar e atingiu um patamar onde pode se dar ao luxo de fazer
isso. São pouquíssimos os artistas que
têm essa possibilidade.
Desde "Kairos", de 2011, o quarteto paulistano mostra que
expandir os horizontes é a solução. São álbuns conceituais, de um jeito ou de
outro, que elevaram o nível da música e que apontam caminhos diferentes.
"Tainted Love" não é algo que possa se encaixar em uma
denominação de "novos horizontes", por mais interessante que tenha
ficado a versão. Não dá nem para dizer se conseguiria entrar como bônus em
alguma edição especial de "Quadra".
Entretanto, certamente é um grande indicativo de como a banda esta
disposta a experimentar e buscar outras sonoridades sem se preocupar com as
amarras do heavy metal tradicional. É sempre bom que o Sepultura sempre nos
surpreenda, quase sempre de forma positiva, como tem de ser.
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