sábado, 31 de outubro de 2020

Sean Connery engrandeceu o rock ao 'gravar' uma música dos Beatles

 Marcelo Moreira

Sean Connery como James Bond (FOTO: DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO)

Um cavalheiro nacionalista, que gostava de futebol de futebol, bons vinhos e de músicas erudita, mas também respeitava os amigos que pensavam diferente - e até colaborava com eles.

Sean Connery, o ator escocês que morreu aos 90 aos neste sábado (31), era muito mais do que o primeiro James Bond-007 no cinema - ninguém encarnou o personagem do escritor Ian Fleming nas telas como ele.

Torcedor fanático, nunca admitiu que a seleção da Escócia nunca passou de um time medíocre em qualquer fase fase da história. 

Como não se lembrar dele nos camarotes do estádio francês na abertura da Copa da França, em 1998, inconformado com a derrota de 2 a 1 para o Brasil, então atual campeão mundial? 

Tempos depois, ele declarou que realmente achou que o time dele poderia ganhar aquele jogo - mero delírio, já que a Escócia foi eliminada na primeira fase, como sempre, ao empatar com Noruega por 2 a 2 e perder vergonhosamente para Marrocos por 3 a 1.

Além 007, ele desempenhou papéis memoráveis o cinema, como pai de Indiana Jones, o soldado alucinado e deslumbrado em "Homem Que Queria Ser Rei", o Robin Hood envelhecido no soberbo "Robin and Marian" e o policial durão de "Os Intocáveis", que lhe valeu o Oscar de ator coadjuvante.

Feiro cavalheiro da Rainha, ganhou o título de Sir, e foi nessa condição conflitante - sempre foi ardoroso defensor da independência da Escócia, que desde 1707 é integrante do Reino Unido - que aceitou colaborar com um projeto de George Martin, um antigo amigo dos anos 60.

Martin foi produtor dos Beatles e quis gravar um álbum para chamar de seu em 1998. Chamou alguns amigos e regravou temas dos quatro rapazes de Livepool, mas de uma forma diferente e sob a sua ótica de músico erudito.

O álbum foi chamado "In My Life" e tem o maior de todos os méritos de registrar uma versão extraordinária de Jeff Beck para "A Day in the Life", que até hoje está presente em seus shows. 


Curiosamente, "In My Life", canção dos Beatles do álbum "Rubber Soul", foi interpretada por Sean Connery, que nunca, jamais, havia chegado perto do rock ou da música pop.

Interpretar é um modo de dizer. Connery declamou a letra, de forma comovente, sobre uma base de metais e cordas muito bem arranjada por Martin.

Vez ou outra ele escorregava e tentava dar um ar musical, mas não passa de uma declamação de um poema, digamos assim. Ficou bom, mas estranho em um álbum musical.

Para Martin, não havia melhor forma de homenagear o amigo ator do que colocá-lo em um ambiente novo e desafiador, fato que Connery adorou, sentindo-se lisonjeado.

Foi uma contribuição singela, mas interessante, do grande ator para o mundo do rock, engrandecendo, de seu jeito, a obra dos Beatles, a maior de todas as  bandas de rock.

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