quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Os Beatles quase cruzaram o caminho de Pelé em 1966 - um viva aos 80 anos do rei

 Marcelo Moreira

 

Pelé e Jairzinho comemoram gol durante a Copa de 1970, no México, vencida pelo Brasil (FOTO: DIVULGAÇÃO/FIFA)

Clima esquisito na concentração da seleção brasileira de futebol, nos arredores de Liverpool, noroeste da Inglaterra. Parecia que a bagunça na preparação pra a Copa de 1966, em Caxambu (MG), tinha ficado para trás e, finalmente, os jogadores só teriam que pensar nas partidas contra Bulgária, Hungria e Portugal. Mas o entusiasmo inicial deu lugar a um tédio monumental e a uma falta de confiança que parecia inexplicável.

Sorte que Pelé, o astro bicampeão do mundo, tinha levado seu violão e matava as horas de folga compondo e tentando animar o ambiente. 

Mas ele queria mais e foram os Beatles, a maior de todas as bandas de  rock, nativa de Liverpool, que espantaram o desânimo e ajudaram Pelé a passar o tempo durante um encontro de gigantes em um restaurante, ou cabaré, ou estacionamento... Teriam até elogiado a técnica do craque no manejo do violão - ou acoustic guitar, como preferem alguns ingleses...

Dependendo de quem conta a história, alguns detalhes mudam, sempre exagerando aquele encontro de titãs que nunca existiu durante a Copa do Mundo de 1966, na qual o Brasil perdeu dois jogos, ganhou um e acabou eliminado na primeira fase, na pior participação brasileira em copas desde 1950.

O encontro tinha tudo para acontecer e seria um marco na vida e na carreira de Pelé, o maior atleta do século XX e o melhor de todos os jogadores de futebol que já pisaram em um campo - e que faz 80 anos de idade neste 23 de outubro.

Tinha tudo para acontecer, mas sempre de acordo com Pelé. A lenda diz que os Beatles solicitaram um encontro na concentração brasileira, nos arredores de Liverpool, mas que a ideia foi descartada por ordem da comissão técnica e da chefia da delegação. 

"O empresário dos Beatles telefonou e pediu para falar com ele. A banda se ofereceu para fazer um show particular na concentração. A diretoria, no entanto, recusou", disse Pelé durante o lançamento do livro "1.283", no Museu do Futebol, em São Paulo, em 2013.

Anos depois, quando estudava inglês, Pelé se encontrou com John Lennon, em Nova York, que fazia curso de japonês. O artista perguntou sobre o fato ao jogador, que contou a ele. "O Carlos Nascimento (responsável pela concentração) disse que esses cabeludos não iriam entrar ali, não (risos)", afirmou Pelé em texto do GloboEsporte.com. Leia também um pouquinho mais aqui.

É difícil contrapor o argumento porque todos os implicados na questão já morreram e nunca mencionaram a ocorrência. 

Seja como for, é bastante plausível que possa ter ocorrido o contato entre os dois estafes. Os Beatles gostavam muito de futebol e há registros de que realmente admiravam o futebol brasileiro bicampeão.

Os Beatles na capa do LP 'Hey Jude', uma coletânea, de 1970 (FOTO: REPRODUÇÃO)

Alguns biógrafos até mencionam um suposto interesse da banda pelo esporte, relatando até que Paul McCartney seria torcedor do Everton e John Lennon, simpatizante do Liverpool, mas isso nunca se confirmou, de fato, publicamente. Os quatro beatles, de forma deliberada, nunca alimentaram a questão e nunca fizeram  questão de manifestar suas preferências futebolísticas. Até hoje, de forma educada, Paul McCartney foge da questão.

Mas tem gente que jura que rolou uma jam session entre o maior astro do futebol e os principais roqueiros do planeta, com direito a bola e violão autografados.

Perderam todos, e perdemos nós, que teríamos o maior registro de interação entre o rock e principal dos esportes (o mais praticado e que desperta, individualmente, o maior interesse). 

Quem sabe os quatro músicos não teriam dado um pouco de sorte na campanha melancólica daquele torneio?

Para mais informações sobre as relações do Beatles com o futebol e com os times de Liverpool, o Evertou e o Liverpool F.C, clique aqui e também aqui. Lennon bom de bola? Leia aqui.

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