Marcelo Moreira
FOTO: MARCOS CORRÊA/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
A pandemia de covid-19, que mudou o mundo há 15 meses, testou todos os limites da solidariedade e da empatia, ao mesmo tempo em que despertou o pior do egoísmo e do individualismo.
Não há como medir o desespero e as necessidades de cada um neste período de trevas, mas é possível enxergar e compreender algumas posturas, e também uma série de comportamentos repugnantes e deformações de caráter.
Se a solidariedade é motivo de orgulho e esperança, o individualismo e a falta de empatia transformam muitos empresários, comerciantes e artistas em seres execráveis ao defender a economia funcionando em detrimento da saúde pública e nenhuma medida de restrição social, como defende o ser nojento que ocupa da Presidência da República.
Compreende-se o desespero com a falta de trabalho e de renda causadas pela pandemia, mas é inaceitável que gente que se supunha minimamente inteligente advogue a favor da morte por conta de seus problemas pessoais.
Ignorar a pandemia e defender a volta de shows presenciais, por exemplo, em um momento em que os hospitais voltam a ficar lotados, com aumento exponencial das contaminações e das mortes, é criminoso.
Desde sempre sabemos que as áreas de entretenimento, gastronomia e cultura foram as primeiras a serem atingidas pelas consequências econômicas e as mais sacrificadas. E, pela natureza do negócio, serão as ultimas a se recuperar ou a se tornar prioridades.
Se o preço para que fiquemos vivemos é não saber quando, e se, voltaremos aos shows presenciais, que assim seja. Se nunca mais pisarmos em um estádio para ver rock, então que assim seja.
Por isso é que me chamou a atenção o depoimento de um jornalista veterano nas redes sociais a respeito de como está enfrentando a pandemia e como lida com fato de que um de seus filhos, que é músico, estar sofrendo diretamente com as consequências da pandemia - e que embute um desabafo contra a gestão trágica do enfrentamento à doença por parte de um governo genocida e incompetente.
A reprodução do depoimento de Nelson Nunes, com passagens por Diário Popular/Diário de S. Paulo e Rádio Jovem Pan, é importante porque é lúcida, entende o momento pelo qual estamos passando e sofre pelas dificuldades que o filho está passando, mas que não há como remediar, ao menos por enquanto:
Meu filho é músico independente. Trabalha com eventos e sobrevive de pequenos shows, festas e agitos culturais em bares, casas noturnas, residências particulares.
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