domingo, 27 de junho de 2021

Auge do Van Halen com Sammy Hagar, 'F.U.C.K.' completa 30 anos

  Rafael Franco - do site Roque Reverso

 


Nono álbum de estúdio do Van Halen, o “For Unlawful Carnal Knowledge” completa 30 anos do seu lançamento nesta quinta-feira, 17 de junho de 2021. Terceiro disco com a presença de Sammy Hagar nos vocais, depois de o substituto de David Lee Roth ter brilhado no inaugural “5150” (1986) e nem tanto no “OU812” (1988), o “F.U.C.K.”, como também é conhecido pelos fãs, se tornou um dos principais clássicos da consagrada banda norte-americana e foi um marco da segunda fase gloriosa do grupo.

Vencedor do Grammy em 1991, quando levou o troféu de Melhor Performance de Hard Rock daquele ano na maior premiação da música mundial, a produção também atingiu a primeira
posição do top 200 da Billboard, sendo que permaneceu na liderança desta listagem por três semanas.

Concebido entre março de 1990 e abril de 1991, o “For Unlawful Carnal Knowledge” foi lançado pela Warner Bros Records e marcou o retorno do produtor Ted Templeman, que voltou a trabalhar com o Van Halen após ter conduzido a produção de todos os álbuns do grupo de 1978 a 1984, período em que o quarteto de Pasadena contava com Lee Roth como vocalista.

Durante os longos 13 meses de produção, Ted trabalhou em parceria com o produtor Andy Johns, que já havia prestado os seus serviços ao Led Zeppelin e aos Rolling Stones, e colaborou para que o álbum comprovasse novamente a enorme qualidade musical exibida por Hagar, Eddie Van Halen (guitarra), Alex Van Halen (bateria) e Michael Anthony (baixo).

E o álbum lançado em 17 de junho de 1991 mostrou a banda retornando às raízes do hard rock, depois de o disco “OU812” ter sido alvo de críticas e ficado longe do nível excelente do “5150”, que marcou o início da era Hagar no grupo.

Na família deste jornalista que escreve esta resenha, o seu irmão Mario Franco tem fundamental contribuição na aquisição de conhecimento e no gosto pelo Van Halen. 

Nas lembranças do querido Marinho sobre o disco, ele destaca que foi de Hagar a ideia provocativa de chamar o álbum de FUCK, que, devido à censura da indústria musical, teve de ser o seu nome codificado por meio das iniciais da frase que nomeia o disco: em tradução livre para o português, “Para conhecimento carnal ilegal”.

Com quase todas as canções trazendo solos ou riffs marcantes da inconfundível guitarra de Eddie, que morreu no ano passado, vítima de câncer, o “F.U.C.K.” também passou a apostar em arranjos nos quais os teclados e sintetizadores, utilizados com muita frequência nos seus álbuns da década de 1980, foram deixados de lado em detrimento a um rock mais seco e pesado.

Em exceção à regra do disco, o piano ganhou protagonismo no hit “Right Now”, single de maior sucesso deste álbum. Além de ser o carro-chefe do andamento da melodia, o instrumento é usado de forma destacada para introduzir e depois para finalizar a canção. 

Embora com um arranjo simples, o piano é executado de maneira sofisticada por Eddie, que também toca logicamente, com a habitual maestria e genialidade, a guitarra desta faixa do disco.

Prêmios

Com um refrão marcante, “Right Now” se consagrou como um sucesso na esteira da popularidade dos videoclipes, então ainda muito fortes no fim da era pré-internet. 

Esta música foi escolhida o vídeo do ano no MTV Awards de 1992, sendo que também faturou outras duas honrarias da mesma premiação: as de melhor edição e direção.

Outra música do “F.U.C.K.” que fez um relevante sucesso foi “Poundcake”, faixa que abre o álbum e traz Eddie inovando ao usar o som de uma furadeira elétrica junto com a captação de som da sua guitarra. 

O ruído alto da ferramenta é ouvido no início e até em parte do solo da canção, que é repleta de demonstrações da grande habilidade do guitarrista e foi uma das três músicas deste álbum que atingiram o topo das paradas da Billboard.

O saudoso líder do Van Halen contou que a ideia de usar a furadeira surgiu quando um técnico de guitarra operava um modelo Makita 6012HD e o som captado ali era semelhante ao ouvido quando vamos “dar a partida em um motor”. 

Nos shows da banda, uma ferramenta deste tipo pintada com as mesmas listras tradicionais da guitarra Frankstein de Eddie passou a ser usada quando o grupo tocava “Poundcake”.

As outras duas músicas do álbum que lideraram as paradas da Billboard foram “Runaround” e “Top of the World”, esta a 11ª e última do álbum. Curiosamente, “Right Now” não alcançou a ponta, mas figurou em um excelente 2º lugar, enquanto “The Dream is Over” (7º) e “Man on a Mission” (21º) foram outras faixas com postos de destaque.

O hit “Top of the World”, por sinal, foi a única canção deste álbum para qual o Van Halen trouxe um músico de fora do grupo para participar. Steve Lukather acabou convocado para ser um dos backing vocals, ao lado de Anthony e Alex, que também desempenharam essa função nesta faixa e em outras do disco.

Vale destacar a boa presença de Anthony com o seu baixo na canção “Spanked”, na qual a marcação dos acordes graves do instrumento são realçados desde o início e depois servem como principal base do andamento da música. 

O mesmo vale para a guitarra de Eddie nas faixas seguintes do álbum: o sucesso “Runaround” e as mais experimentais “Pleasure Dome” e “In n’ Out”. “Judgement Day”, “Man on a Mission” e “The Dream is Over”, outras três ótimas músicas do álbum, são verdadeiras aulas de guitarra, com riffs e solos inspiradíssimos.

Homenagem ao filho

E a décima música do álbum, “316”, é a única 100% instrumental e traz Eddie ao violão em uma composição feita em homenagem ao seu então filho recém-nascido Wolfgang, que veio ao mundo em 16 de março de 1991. 

Parte desta canção já era usada em solos de guitarra nas turnês dos álbuns anteriores, mas ganhou finalização acústica nesta gravação, conforme bem lembrou o ex-aspirante a guitarrista Marinho durante as conversas para a construção desta resenha. Muitos anos mais tarde, Wolfgang veio a tocar como baixista junto com a banda do pai em sua última formação.

As vendas globais do álbum totalizam aproximadamente 5 milhões de cópias, sendo que cerca de 80% deste volume foi adquirido na América do Norte.

Assim, o “For Unlawful Carnal Knowledge” ficou distante de alcançar o sucesso comercial de outros grandes discos do Van Halen, como por exemplo o “1984” e o álbum de estreia, cujo título é o nome da própria banda. Ambos ultrapassaram a casa das 15 milhões de unidades vendidas cada um.







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