sexta-feira, 16 de setembro de 2022

A extrema desumanidade de Roger Moreira ofende e não representa o rock

 O rock nunca foi exceção para nada, mas sempre foi muito raro encontrar o mal no gênero musical em estado bruto, fora das letras das músicas. - bandas de metal adoram o "evil", em inglês. Houve casos absurdos de assassinatos entre músicos na Noruega, no circuito do black metal, e casos pontuais de violência de todo o tipo mundo afora.

Quando o mal parece em termos ideológicos e genocidas o único caso hediondo que vem à mente é o de Jon Schaffer, guitarrista e líder do Iced Earth, que mergulhou no extremismo de direita e participou do ato terrorista de invasão do Congresso americano em janeiro de 2021 para tentar impedir a posse de Joe Biden. Está preso.

Nesta semana, um caso chocou o público roqueiro no Brasil. Não se trata de um problema só de falta de empatia e de humanidade, mas também de ausência de bom senso e de caráter.

Em uma cidade paupérrima no interior do Piauí, uma menina de 11 anos foi estuprada ela segunda vez - e engravidou pela segunda vez, em uma violência inimaginável. Os autores: um primo e um tio.

Roger Rocha Moreira, guitarrista e vocalista do Ultraje a Rigor, mandou  seguinte pérola:

Conhecido pelo ultraconservadorismo e pelo flerte com o extremismo de direita - apoia o presidente nefasto Jair Bolsonaro -, Roger sempre vomitou barbaridades ao melhor estilo do fascismo, mas ninguém imaginava que pudesse descer tão baixo.

Tudo o que ele representa e vomita está muito longe do que o rock representa, seja em relação á arte, seja em relação aos direitos humanos. Roger é desumano. Extrapolou qualquer limite de perversidade.

Também é uma questão problemática de caráter porque ele não tem vergonha de postar esse tipo de lixo nas redes sociais. Tem orgulho de ser ignorante e de ter espalhar comportamentos asquerosos. Acha bacana se mostrar desse jeito para grupelhos de extremistas nojentos que acham que o mundo se resume à esgotosfera do bolsonarismo.

De certa forma, esse comportamento abjeto explica em boa parte os motivos de o Ultraje a Rigor ter sdo rebaixado, muito cedo, á segunda divisão do rock nacional se comparado a todas as bandas concorrentes de sua época, ainda que seus hits sejam geniais. 

A banda e seu líder e mentor envelheceram muito mal. Desistiram de fazer músicas autorais e se contentam em servir de escada pra um programa de entrevistas de baixa audiência comandando por um humorista ruim e preconceituoso. E ainda é muita coisa diante de tamanho baixo nível e alta desumanidade.

Ultraje a Rigor é uma banda que merece ser boicotada em todos meios e ambientes. Nunca defendi o boicote a artista nenhum - nem mesmo ao prototerrorista Jon Schaffer. 

Sempre defendi o direito ao boicote como manifestação democrática, ainda que extrema, mas nunca recorri ao expediente, nem mesmo aos artistas que odeiam o Combate Rock, como o próprio Roger e Lobão. E coube ao lamentável Roger rocha Moreira ser o alvo da minha estreia ao boicote/cancelamento de um artista. Mas o motivo é muito, mas muito justo.

O cantor e guitarrista do Ultraje a Rigor é a cara do bolsonarismo, quando não a sua essência: preconceituoso, misógino, machista, desumano, perverso e profundamente maldoso e odioso.

À medida que as eleições gerais de outubro se aproximam, observarmos o aumento da violência sociopolítica generalizada por parte de uma parte dos cidadãos que aderiram ao extremismo de direita e que não hesitam em usar a violência para manter o ser abjeto presidencial no poder.

Crescem os casos de bolsonaristas armados que atacam em matam opositores, que agridem mulheres, praticam o feminicídio, ameaçam jornalistas (principalmente as mulheres), não têm medo de cometer todo o tipo de racismo e perpetram barbaridades de todos os tipos na seara apolítica, como atacar as instituições democráticas e a própria democracia.

Foram vários os exemplos de desumanidade cometidos pelo presidente, seus ministros e seus apoiadores, como o lamentável episódio da tentativa de aborto de uma menina de 10 anos no Espírito Santo em 2021 - ela foi vítima de estupro e tinha o direito constitucional ao aborto legal.

Se esse episódio já tinha sido o maior exemplo de desumanidade que certa gentalha pudesse cometer - gente que se diz evangélica, como não poderia deixar de ser -, o post de Roger Rocha Moreira elevou ainda mais a taxa de desumanização que caracteriza os tempos medievais em que vivemos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário