quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Copa do Mundo: às vésperas do evento, rock futebol são íntimos, mas estão distantes

A relação entre futebol sempre foi muito íntima, só que bastante mal explorada tanto no Brasil como no exterior. E olhe que o Palmeiras, de São Paulo, tem feito muita promoção em cima disso, já que seu estádio, Allianz Parque, recebe a maioria dos shows grandes na cidade. Integrantes de várias bandas, como Iron Maiden, Dream Theater e Anthrax, receberam camisas personalizadas em passagens pelo local.

No Brasil, os roqueiros boleiros são muitos, mas os boleiros roqueiros, raríssimos - Rogério Ceni, Zetti (ambos ex-goleiros do São Paulo), Ronaldão (ex-zagueiro do São Paulo), Gustavo Scarpa (atualmente no Palmeiras) e mas uma meia dúzia. Guitarrista mediano, Ceni tocou guitarra com as bandas Ira! e Dr. Sin n Morumbi quando encerrou a carreira.

Às vésperas da Copa do Mundo do Catar, é bom lembrarmos dos roqueiros internacionais apaixonados pela bola e que se ergulham disso:

- Roger Daltrey (The Who) cantando na despedida oficial do Highbury Park Stadium em Londres, em cerimônia promovida pelo Arsenal - era torcedor do Queen's Park Rangers, de Londres, mas mudou por causa do filho mais novo; 

- Roger Waters (Pink Floyd) nervoso, recentemente, nas arquibancadas do Emirates Stadium, do mesmo Arsenal - em 1971, cancelou várias gravações do Pink Floyd para torcer no estádio, e seu time seria campeão inglês naquele ano;

- os irmãos Noel e Liam Gallagher, ex-Oasis, invadindo o campo para comemorar os mais recentes títulos do Manchester City; 

- Glenn Hughes (ex-Deep Purple) e Robert Plant (ex-Led Zeppelin) discutindo acaloradamente em um bar mais um rebaixamento do Wolverhampton Wanderers - hoje está de volta à primeira divisão (Plant foi vice-presidente do clube); 

- Steve Harris vestido com a camisa do seu West Ham contando em entrevista como teve de abandonar as categorias de base do clube;

- John Deacon (ex-Queen) bravo na arquibancada com mais uma derrota do seu Queen's Park Rangers;

-  Rod Stewart cornetando o técnico da Escócia após outra eliminação em torneio internacional ou vibrando com o seu Celtic Glasgow; 

- Ozzy Osbourne (Black Sabbath) dando uma de guardador de carros no Villa Park, estádio do Aston Villa, em Birmingham, nos anos 60; 

- Geezer Butler (Black Sabbath) fugindo de torcedores mal encarados no mesmo Villa Park; 

- a banda alemã Tankard compondo hinos para o seu Eintracht Frankfurt - o vocalista Gerre disse que ficou dias bêbado comemorando o título da Europas League 2021-2022; 

- Charlie :Watts (ex-baterista dos Rolling Stones) abraçando o pai após gol do Totteham Hotspur nas arquibancadas de White Hart Lane;

 Ritchie Blackmore (ex-Deep Purple) desafiando – e perdendo quase sempre – jornalistas na América do Sul em partidas de futebol society...

Mais corriqueiras do que nunca, as relações entre o rock e o futebol nunca foram devidamente exploradas pelos músicos. É quase impossível encontrar referências decentes ao esporte em músicas de grandes astros. 

Waters e Daltrey nunca se preocuparam com isso. Steve Harris e Rod Stewart, que quase se tornaram atletas profissionais, também ignoraram o futebol nas ruas músicas. 

Pete Townshend (The Who), que nunca foi muito apaixonado, tratou do assunto em "Football Fugue", uma sobra de estúdio que saiu em "Another Scoop", de 1986, uma coletânea de faixas solo não aproveitadas.

No Brasil, o Skank notoriamente abusou do futebol em algumas de suas letras; o Sepultura fez alguma alusão em shows no Brasil e no exterior; o Dr. Sin teve sucesso com a única música que gravou em português, "Futebol, Mulher e Rock'n'roll", com todos os clichês do gênero inseridos. O Ultraje a Rigor beirou o tema na ótima e irônica "Independente Futebol Clube".

Diante do quadro, é claro que não se poderia esperar qualquer relação da Copa do Mundo com o mundo do rock, em qualquer país. E é mais do que óbvio que o rock fique de fora das breguíssimas festas de abertura do evento. 

A única vez em que um roqueiro esteve relacionado com o futebol e a Copa do Mundo diretamente foi em 1982. O tecladista inglês Rick Wakeman (ex-Yes) foi o responsável por compor a trilha sonora da Copa da Espanha, naquele ano. 

O álbum produzido, "G'Olé", apesar de pouco inspirado e cheio de megalomania, agradou o mundo do rock e teve boa aceitação entre os torcedores.

Para a copa atual, nem mesmo existe mais o interessante "Rock e Gol", da MTV, que reunia músicos em um torneio de futebol society – hoje nem mesmo existe mais a MTV como a conhecíamos. 

Qualquer relação entre rock e Copa do Mundo se tornou anticlimático e desprovido de sentido. Por que esse divórcio, justamente quando o maior evento do mundo chega ao país do futebol?

 

 

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