No meio do caminho tinha uma pandemia devastadora, mas também um redentor Rock in Rio para coroar uma carreira meteórica e desafiadora. As bandas Malvada e Teorias do Amor Moderno trilham caminhos diferentes, estão em estágios diversos na trajetória, mas obtêm resultados bastante consistentes.
Atropeladas pela pandemia, as garotas da Malvada mal tiveram tempo de se conhecer e sentir o termômento do público. Banda de palco e com temperatura elevada, não recusa convites e toca em tudo quanto é lugar.
Com um repertório seguro e um CD muito bom nas mãos, o quarteto viu os resultados surgirem rápido, com shows pelo país e a coroação do trabalho com a performance elogiada no palco Rock District do Rock in Rio.
Diante da ascensão, acharam que tinham cacife para estrear no grande festival uma música nova, ganhou clipe lançado durante o evento. "Perfeito Imperfeito" é um grande passo à frente em relação ao disco de estreia, "A Noite Vai Ferver", que contém ao menos três canções muito boas.
O hard rock em português da Malvada é bem blues e bastante acessível, e o equilíbrio entre peso e melodia foi mantido, assim como o que mantêm a proporcionalidade entre sensualidade e poesia, tanto na canção como no clipe.
Por se tratar de uma cnção de amor, mas por outra perspectiva, a banda certou o tom entre a balada hard e o tom dramático que se pode esperar de uma música do gênero.
O fim de um relacionamento, que renderia um melodrama em outros gêneros, não perde o drama em "Perfeito Imperfeito", mas oferece um clima de maturidade que é realçado pela guitarra com certo peso de Bruna Tsuruda.
A cantora Angel Sberse soube dosar passionalidade e empoderamento e ajudou o grupo a cometer a ua melhor música autoral até agora. O segundo álbum promete ser bem superior ao anterior, pelo jeito.
A banda paulista Teorias do Amor Moderno é bem mais antiga, com suas origens em Santo André (SP) em 2007 - a Malvada surgiu em 2020. Com um som mais puxado para o folk e para a MB, tem um conteúdo lírico mais elaborado e consolidado, sempre sob a batuta da cantora e guitarrista Larisa Alves.
"Cartas Para Dario" é um legítimo produto da pandmia e originário dela. Com delicadeza e muita serenidade, aborda perdas e tenta projetar futuros em tempos tão complicados.
São tem três músicas envelopadas em um EP curto, mas intenso. Rock com tintas oitentistas, com sonoridade quase punk. A faixa-título é muito boa, consegue trasmitir com eficiência a ansiedade que permeia nossas vidas neste periodo triste e difícil. Larissa canta com uma urgência quase sufocante.
Em termos estilísticos, o novo trabalho segue uma certa tendência resgatada pela banda O Terno, com letras mais universais, embora bem elaboradas e com acentos mais "vintage", como na interessante "Agosto" e na intimista "Em Mim", que completam o EP.
Mas a banda tem uma outra preciosidade, mais antiga. "Ao Amor" recupera uma luminosidade que o underground brasileiro dixou de lado há muito tempo, pegando as melhores coisas que The Jam gravou em seu período mais pop.
É um EP que destoa, de forma positiva, do qu e o rock vem produzindo no underground nos últimos tempos - foi gravado com produção musical de Martin Mendonça. Atualmente configurado como trio liderado pela artista com o baixista Will Salles e o baterista Maurício Rios (substituído no atual disco por Duda Machado).
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