sexta-feira, 9 de setembro de 2022

A rainha ue domou, dobrou e encantou os roqueiros

 Nem mesmo os punks puderam resistir. A rainha dobrou e domou os roqueiros, a ponto de muitos deles babarem no momento em que recebiam suas "comendas" reais, como Mick Jagger (Rolling Stones) e Elton John, súfios improváveis que eram admiradores de Elizabeth II, morta aos 96 anos nesta semana.

Por mais rebeldes e insurretos que fossem, não teve um roqueiro britânico que não se rendesse ao conservadorismo e ao anacronismo da monarquia inglesa. Se os políticos conservadores tanto atazanaram a vida de roqueiros nos anos 60 e 70 na Inglaterra, não foi por falta de apoio da rainha.

A condecoração dos Beatles em 1965, quando ganharam a MBE (Membro do Império Britânico, distinção importante no Reino Unido), feita por uma rainha impassível e até mesmo impaciente, nunca passou de uma jogada de marketing. 

Políticos conservadores no poder quetriam fazer um agrado à juventude e à indústria fonográfica, então grande exportadora de discos e tendências culturais.

O verdadeiro rebelde na história toda, Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, nunca cansou de tirar sarro dos concorrentes desde aquela época. 

Crítico ferrenho e mordaz da monarquia, nunca perdoou John Lennon e Paul McCartney por aceitar "aquela porcaria". Fez o mesmo quando Mick Jagger foi agraciado anos depois, o que causou um (outro) mal-estar esntre os antigos camaradas.

A rainha/monarquia representa tudo aquilo que o rock odeia, combate e quer varrer do mapa, mas exerce tal atração sobre o povo - e sobre os roqueiros - que se firma cada vez mais como a única instituição sólida do Reino Unido.

O "Príncipe das Trevas" é um exemplo clássico. Ozzy Osbourne não perde a oportunidade de manifestar que é rebelde, insurrreto e excêntrico, aleém de louco (intitula-se o "madman" do rock), mas sempre se derreteu diante da tradição ( não necessariamente ao conservadorismo britânico).

É possível notar a cara de felicidade em todas as vezes em que o cantor de heavy metal participou dos concertos beneficentes da série "Prince's Trust", enquanto o parceiro Tony Iommi, guitarrista e companheiro de Black Sabbath, não demonstrava a mesma emplogação.

"Como eu posso apoiar instituições que sepre lutaram pelo nosso fim e para nos colocar sempre para baixo?", esbravejou Keith Richards várias vezes, principalmente depois que a polícia inglesa armou um flagrante contra ele e Jagger em 1967 por porte de drogas.

Os amigos o ignoram e ignoraram, sedentos de vontade de "serem aceitos" pela nobreza, pela elite e pela aristocracia. Ninguém escapa do fascínio aristocrático - Jagger, McCartney, Mark Knopfler, Briam May (Queen), Jimmy Page (Led Zeppelin), Jeff Beck...

Curioso é o caso de Elton John, que é "sir" e tem  MBE. Na condição de bissecual assumido - e depois homossexual assumido - era desprezado pela elite britânica, mas o seu complexo de "vira-lata" nunca o afastou do desejo de ser um aristocrata, mesmo quando as leis do país se voltavam contra ele. "Sir Reginald Dwight" (seu nome verdadeiro nome) já pode morrer em paz, como certa vez após receber a comenda.

David Bowie sempre pareceu mais honesto em relação a uma instituição que nunca teve a sua boa vontade, tanto que nunca fez questão de ser um MBE. No entanto, nunca deixou de ser reverente ao mencionar a rainha Elizabeth II.

Pode não ser nada, mas também pode ajudar a explicar como o rock deixou desde o surgimento do punk rock - aquele movimento que criou o hino "God Save the Queen", feroz crítica dos Sex Pistols. Como um dia após o outro, John Lydon/Johnny Rotten, o vocalista, se transformou em um roqueiro ressentido de direita e ex-crítico da monolítica, pesada e quase inútil monarquia...

Muito já se disse sobre a imortãncia apenas marginal e circunstancial da rainha Elizabeth II para a música e para o rock. A subserviência e ânsia de serem aceitos mostra claramente que a babação de ovo pra a rainha a tornou bem mais do que marginal para o mundo do rock.


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