Uma escolha bem difícil: um metal tradicional com os pés nos anos 80, com timbragens modernas, ou um metal mais moderno, com afinações mais baixas e um som mais bruto, próximo de bandas mais atuais com mulheres nos vocais?
Para a cantora Karina Menascé, a coisa é bem simples: ficou com o melhor dos dois mundos. Por que escolher se consegue se equilibrar entre as suas duas bandas com coração? E então temos a sua voz marcante e poderosa nas bandas Mercy Shot e Allen Key, que estão com trabalhos novos no mercado.
Pianista e compositora elogiada, Karina está dedicada neste momento à divulgação do ótimo "Brace for Impact!", a estreia em álbum da Mercy Shot. Candidato forte nas listas de melhores do ano de 2022, o disco surpreendo pelo peso das guitarras e pelas boas referências metaleiras dos anos 80.
Com um pique invejável, Karina mostrou versatilidade e desenvoltura em canções bem feitas e com possibilidades mais abrangentes. No metal mais moderno do Allen Key, seus vocais seguem um padrão mais definido, com mais agressividade, mas sem grande amplitude. No Mercy Shot, com outra pegada, parece mais solta, transitando entre canções mais rápidas é melódicas.
A formação da banda ainda tem Flavio Pintinha e Fabrizzio Hanoi (guitarras), Andrews Einech (baixo) e Roger Katt (bateria). Lanado pela Canil Records, o material foi gravado e produzido por Wagner Meirinho no estúdio Orra Meu! (SP) - a mixagem e masterização foram realizadas no estúdio Loud Factory (SP), por Meirinho e Tiago Assolini.
"Brace for Impact!" foi antecipado por alguns singles, começando por "Sink and Thrive", que também ganhou um clipe gravado nas dependências do Museu Histórico da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá, litoral de São Paulo.
O trabalho de guitarras é o diferencial deste álbum. Há um equilíbrio entre os riffs que remontam ao estilo europeu germanizado, mais reto, de bandas como Accept e Rage, com algo mais intrincado, à la NWOBHM (new wave of british heavy metal). Essa dualidade explode de cara na faixa-título, após a bela introdução.
As melodias fluem fáceis e se tornam bem agradáveis mesmo em temas mais densos e pesados, como em "Sink and Thrive", com seus riffs poderosos, em e "For Nothing in This World", mais cadenciada e com um baixo pulsante e serve quase como uma guitarra base.
"Gift" é um vigoroso hard rock que evidencia a versatilidade da Mercy Shot e da própria cantora, que se deu bem em uma música com padrão mais accessível, digamos assim. Karina se mostra confortável e bem à vontade em meio a riffs bem construídos.
Já em "Massive Heart", a indefectível balada, os arranjos de piano e a o tom dramático dos vocais chamam a atenção para aquela é uma das três melhores canções do disco. a introdução pode erroneamente indicar um metal sinfônico, mas é apenas um recurso criativo para introduzir uma balada épica. Há ecos de Evanescence, mas principalmente de metal tradicional, remetendo a Saxon e Magnum.
Outro destaque são as letras introspectivas e metafóricas, quase sempre de autoria da cantora. "A temática de 'Sink and Thrieve' faz analogia entre o mar sendo a vida, enquanto a capitã da embarcação é a pessoa que declama a poesia da letra. Já o 'monstro' é representado pelas emoções da personagem, que constantemente está tentando 'afundar' a protagonista. Estes elementos estão estampados na capa do single", explicou Karina.
Outro destaque são as letras introspectivas e metafóricas, quase sempre de autoria da cantora. "A temática de 'Sink and Thrieve' faz analogia entre o mar sendo a vida, enquanto a capitã da embarcação é a pessoa que declama a poesia da letra. Já o 'monstro' é representado pelas emoções da personagem, que constantemente está tentando 'afundar' a protagonista. Estes elementos estão estampados na capa do single", explicou Karina.
Em outras canções, ela retrata situações do cotidiano, relacionamentos, saúde mental e também nas artes que ilustram tanto as capas dos singles quanto o próprio álbum, que traz um conceito pós-apocalíptico, tema abordado na faixa-título.
O mais recente single e vídeo, após "Sink and Thrive", "Enemy and Ally" e "For Nothing in This World", é "Arise", que integrou o repertório do show de lançamento do disco, ocorrido no último dia 23 de setembro no La Iglesia (SP).
"No caso da faixa 'Arise', escrevi a letra em um momento da minha vida que estava passando por muito medo, bastante frustração e me sentia numa luta constante comigo mesma. Como estava muito triste, quis transmitir isso na letra. É uma música muito forte e é meio como se fosse uma salvação, uma redenção", disse a vocalista.
Outra persona
“The Last Rhino” é o primeiro álbum da banda Allen Key e que foi lançado há um ano. É um hard rock moderno que esbarra no stoner, com nítidas influências de Halestorm e Evanescence, pois evidencia o talento da cantora e pianista Karina Menascé.
Nesta banda ela toca piano com mais constância e coloca sus vocais com mais evidência, em um desfile de canções pesadas com temas soturnos e reflexivos, embora as mensagens passem um certo otimismo e esperança.
É diferente do que chegou ao mercado no ano passado. Allen Key não teve medo de ousar e enveredar por uma sonoridade mais identificada com um rock que abusa de afinações mais baixas e timbres mais pesados de guitarras quando isso já era dado como algo fora de moda.
Produzido, mixado e masterizado por Wagner Meirinho no estúdio Loudfactory, na capital paulista, "The Last Rhino" contém oito músicas com peso e melodias versáteis e cativantes, além do vocal potente e de timbre único de Karina.
As faixas de “The Last Rhino foram compostas em diversos momentos da Allen Key, algumas desde quando apenas Karina e o guitarrista Victor Anselmo na formação. Completam o time Pedro Fornari (guitarra) Felipe Bonomo (bateria) e William Moura (baixo).
A vocalista é quem escreveu todas as músicas. “São a minha realidade. Basta ler as letras da Allen Key para entender um pouco da minha vida. É meu diário”, revela Karina.
Habilidosa, conseguiu bons resultados na faixa-título, que é um dos destaques, onde as guitarras distorcidas criam um clima incômodo e urgente.
"Love You More é mais sentimental, com uma pegada mais intimista, mas sem largar o peso, enquanto que "Straw House" e "Illusionism" mergulham fundo no heavy mais tradicional com arranjos que reforçam o clima denso e com pegada forte.
"Nossa música tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas tudo com lógica, que dá precisão e pontualidade à composição", afirma a cantora.
"Nossa música tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas tudo com lógica, que dá precisão e pontualidade à composição", afirma a cantora.
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