Ozzy Osbourne cansou dos boatos de que estava à beira da morte. Como não morreu, decidiu então voltar aos estúdios para gravar um álbum em que zomba de tudo e detona todo mundo - bem ao seu estilo.
Em "Ordinary Man", de 2020, o ex-vocalista do Black Sabbath se mostrava reflexico e resignado, quase que fazendo um balanço de uma baita vida de artista. Enigmático, deixou que todo mundo especulasse sobre seus vários problemas de saúde e sobre uma eventual aposentadoria. Fotos "surrupiadas" por tabloides sensacionalistas o mostravam alquebrado e muito idoso e em Londres.
Esqueça o marketing a canção-título do disco com a participação melancólica deElton John. Havia muita reflexão e alguma filosofia sobre o envelhecimento, mas estava longe de ser o fim da linha. Talvez a exasperação tenha feito o cantor inglês antecipar planos e se divertir novamente no estúdio, e chamou alguns velhos amigos para brincar.
"Patient Number 9", o novo álbum, não é um testamento, e também não é maravilhoso, mas consegue algo que muitos artistas do classic rock não conseguem: honestidade e relevância sobre temas que soam modernos e tradicionais em bom equilíbrio.
O guitarrista que mais tempo tocou com ele na carreira solo, o texano insano Zakk Wylde, retomou o posto em algumas das canções e devolveu certa vitalidade a músicas que poderiam muito bem ter sido gravadas nos anos 90, mas sem o brilho de várias daquele tempo.
Zakk e sua guitarra trovejante característica fizeram um bom trabalho em quatro canções, a mais legal delas é "Nothing Feels Right", onde o rock ´bem pesado e remete aos tempos de "No More Tears", de 1991, talvez o último grabde sucesso em álbum de Ozzy. O sarcasmo e o humor ferino do cantor casaram bem com a guitarra mais agressiva e pesada.
"Parasite" e "Mr. Darkness" parecem sobras do disco anterior e faltam a elas aquela pegada ais pesada e densa de coisas como "Perry Mason", ainda que Wylde tente alguns truques bem-sucedidos no estúdio.
O melhor do álbum vem da parte em que os "amigos" de Ozzy aparecem para brincar - gente como Eric Clapton, Jeff Beck e Tony Iommi. E dá-lh metal e blues pesado.
As uas canções com Jeff Beck são as melhores, pois trazem algum diferente do que estamos acostumados a ouvir nos discos de Ozzy. "patient Number 9" e "A Thousand Shades" enveredam por um hard rock mais sereno e repleto de arranjos voltados para a guitarra.
Na canção-título, Beck esbanja categoria em riffs modernos e experimentais enquanto sola como fazia nos tempos de jazz rock. Soa bem mais íntegro e comprometido do que no decepcionante álbum "18", lançado com Johnny Depp, o ator que sempre sonhou em ser rockstar.
Na outra música, Beck soa mais roqueiro, em uma performance que poderia se assemelhar a seu disco solo "Guitar Shop", de 1989. Com mais liberdade, procura explorar algumas brechas que a melodia da canção lhe proporciona e faz algo diferente e bacana.
Clapton, por sua vz, aparece mais contido e respeitando o que foi composto, deixando para dar algum brilho ao solo de "One of These Days", que soa mais blueseira e tem riffs mais retos e menos espalhafatosos. É outro momento bom do álbum.
"Immortal", com Mike McCready, do Pearl Jam, foi uma tentativa de fazer um som mais moderno, por mais que o guitarrista seja tão classic rock quanto. O músico até que experimentou, mas a canção não é memorável, ainda que Ozzy se esforce para torná-la um hard rock mais vigoroso e pesado.
Para quem queria mais do mesmo, então aparece o ex-ompanheiro de Black Sabbath, Tonu Iommi. Sua guitarra estrondosa e tão impactante são a melhor coisa nas duas canções de que participa. O problema é as duas parecem continuação de algo que terminou em 2016, com o disco "The End", o úlimo da banda.
"Degradation Rules" bem que poderia estar no álbum derradeiro do Sabbath, mas sem muitas chances de ofuscar as boas canções que lá estão. O riff é bom e o solo é característico, mas falta á canção mais força e contundência.
"No Escape From Now" é mais pesada, só que sem a genialidade dos riffs sabbathianos, parecendo uma canção feita as pressas para cmpletaro trabalho. Claro que Iommi melhorou a música e a coloriu com arranjos mais densos e dramáticos, mas não o suficiente para transformá-la em destaque do disco novo.
A ajudinha dos amigos deu um "upgrade" a "Patient Number 9", um álbum interessante e de boa qualidade, revelando um Ozzy Osbourne capaz de dividir as luzes com mestres de lto calibre, e não apenas dar quatro versos, como fez com Elton John. e teve a generosidade de permitir a Jeff Beck mostrar o quão virtuoso, versátil e genial ele é.
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