Os mais céticos vão continuar reclamando das mesmas atrações de sempre e de quantidade cada vez menor de rock. Os mais exagerados já chamam o evento de "o festival da esperança".
É certo que ninguém fica indiferente ao Rock in Rio, mas a edição de 2022 tem tudo para ser considerada a mais importante depois da primeira, de 1985.
É o evento da esperança por ser o mais aguardado no período pós-pandemia de covid-19 - ou melhor, no período depois da fase mais grave da pandemia, que ainda não acabou. Houve o Lollapalooza, em São Paulo, mas era o Rock in Rio que deveria ser o diviso de águas, aquele que marcaria o retorno definitivo de alguma normalidade.
Quando as primeiras guitarras soarem na sexta, 2 de setembro, o dia do metal e a inauguração dos trabalhos, a vida ganhará novo sentido para milhares de pessoas que não vivem sem um entretenimento de grande magnitude. Pode até haver menos rock, mas as guitarras continuam como grandes símbolos da música universal e do próprio festival.
Os paulistanos tiveram um gostinho de Rock in Rio na quarta, 31 de agosto, com o show do Dream Theater, uma grande prévia d que o quinteto americano mostrará no encerramento do primeiro dia.
Será uma missão bastante inglória subir a palco depois do Iron Maiden, que vem babando em sua primeira turnê longa pós-pandemia para mostrar as músicas do bom disco "Senjutsu", de 2021.
Velho conhecido do nosso público, tão assíduo no festival quanto o Guns N' Roses, o Iron Maiden promete uma grande celebração para um futuro menos duro e asfixiante movida a hits de hoje e sempre apostando que ninguém vai se cansar de ouvir "Aces High", "Run fot the Hills", "The Trooper", "The Number of he Beast"...
É o mesmo tipo de celebração que promete Sepultura ao lado de numa orquestra. A banda que mais tocou no Rock in Rio - só não esteve no primeiro, lá em 1985, o grupo de metal extremo brasileiro, ainda hoje referência mundial no subgênero, finalmente tem a chance de mostrar as músicas de "Quadra", seu disco de 2020 que a pandemia impediu de ser divulgado.
Melhor trabalho do grupo brasileiro desde que o vocalista Derrick Green entrou, em 1998, "Quadra" reforça a ansiedade por novos tempos e novos rumos, adicionando um tempero progressivo à música agressiva e violenta que sempre caracterizou o grupo. Sim, teremos mais uma vez o Sepultura como o nome icônico do gênero no Brasil - e sempre apontando para o futuro.
Futuro esse , aliás, que ganha espaço maior nesta edição em atrações como a banda Malvada, de São Paulo, um grupo surgido em plena pandemia destilando hard rock em português da melhor qualidade.
As quatro meninas malvadas não perderam tempo e vão estrear nos palcos cariocas sua nova música, "Perfeito Imperfeito", temperando com uma bela cereja o bom repertório do disco "A Noite Vai Ferver".
Também é de São Paulo uma outra interessante atração que aponta para o futuro, o StormSons, que leva o stoner metal nacional ao festival pela primeira vez.
Os cariocas do Affront, que fazem uma mistura destruidora de death e thrash metal, são outra aguardada atração que ilustra a diversidade dos sons roqueiros deste primeiro final de semana.
Para quem gosta de algo um pouco mais alternativo há a banda francesa Gojira, que faz um metal diferente, cm bastante thrash, bastante groove e um pouco de protesto, já que apresentará uma de suas músicas novas, "Amazonia", uma canção forte em defesa da floresta e contra a política de depredação do atual governo brasileiro.
A esperança é movida a guitarras, e o futuro será embalado pelo rock, em todas as suas manifestações. Esse futuro chegou e promete iluminar nossos caminhos durante o festival e, depois, nas eleições gerais de 2022, que certamente trarão novas ideias para sacudir nossas vidas - de preferência, com o atual governo federal soterrado e devidamente substituído.
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