domingo, 25 de setembro de 2022

O jazz toma conta do Sesc SP em outubro

 Eugenio Martins Júnior - do blog Mannish Blog

Ao longo de três semanas, de 5 a 23 de outubro, o jazz ocupa sete unidades do Sesc SP: Guarulhos, Jundiaí, Piracicaba, Pompeia, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José dos Campos. É o Sesc Jazz que chega à sua quarta edição, com 20 atrações nacionais e internacionais, atividades formativas e programação online, que exploram a diversidade musical da cena contemporânea ligada à memória afrodiaspórica, a tradição, a vanguarda e o território.

A programação se abre para múltiplas escolas e tradições e suas poéticas sonoras, conectando continentes, por meio de nomes consolidados no cenário artístico internacional, sem renunciar do espaço para artistas de gerações mais recentes.

Referências mundiais como a flautista norte-americana Nicole Mitchells, o pianista congolês Ray Lema, o cornetista Rob Mazurek com sua Exploding Star Orchestra, também da cidade de Chicago, Estados Unidos, coabitam a grade de atrações com artistas jovens como o coletivo londrino Kokoroko, liderado pela trompetista Sheila Maurice-Grey, o pianista sul-africano Nduduzo Makhathini e a cantora, percussionista e multiartista Dobet Gnahoré, da Costa do Marfim.

A presença feminina, aliás, se apresenta de forma bastante contundente nesta edição, que recebe vozes expressivas, como a da cantora peruana Susana Baca e a da brasileira Alaíde Costa, que dividirá o palco com sua conterrânea Ilessi, em um encontro geracional voltado à música negra brasileira das últimas décadas. Além das pianistas Macha Gharibian, armênia radicada na França e Kathrine Windfeld, da Dinamarca.

A tradição da música brasileira também tem grande visibilidade durante as três semanas do Sesc Jazz com projetos significativos, como a retomada do álbum Quarteto Negro, que completa 35 anos em 2022, com três de seus integrantes originais: Zezé Motta, Djalma Correa e Jorge Degas, além do clarinetista Ivan Sacerdote completando a formação, que contava, em sua versão original, com Paulo Moura, falecido em 2010. 

Outro álbum lembrado nesta edição é Lágrima / Sursolide Suite, de Lelo Nazário, lançado há 40 anos. Laércio de Freitas e Airto Moreira, por sua vez, são festejados em vida, por meio de dois espetáculos-homenagem inéditos que se debruçam sobre suas obras e reúnem nomes importantes da cena instrumental brasileira.

Um outro ponto de atenção desta edição são os concertos das Orquestra Afrosinfônica e Orkestra Rumpilezz, ambas da Bahia, em um interessante contraponto aos projetos de Chicago, presentes nesta edição, com propostas estéticas similares de diálogo entre campos musicais distintos. 

A primeira, liderada pelo maestro Ubiratan Marques, apresenta repertório coadunando o conceito de música de concerto às expressões afro-brasileiras tradicionais e contemporâneas. 

A segunda, celebra o legado de seu maestro fundador, Letieres Leite, falecido em 2021, por meio do universo artístico de outro valor da música brasileira: Moacir Santos, que neste espetáculo terá parte do repertório de seu álbum de estreia, "Coisas", revisitado pelo grupo soteropolitano, por meio de seus arranjos singulares.

Atrações:

Andre Christovam (BRA) - Com mais de 30 anos de estrada, seu trabalho artístico propõe a compatibilidade rítmica entre os elementos musicais brasileiros e influências advindas do blues. É autor de dois discos - Mandinga (1988) e Banzo (2002) -, que se tornaram referências e alçaram André Christovam como um dos principais nomes do blues do Brasil.

Dobet Gnahoré (Costa do Marfim) - Dobet é cantora, percussionista, compositora e dançarina. Defensora do Pan-africanismo, a Marfinense canta em várias línguas: bété, fon, baoulé, lingala, malinké, mina, bambara, swahili, xhosa e wolof, evocando as feridas, as riquezas e esperanças do continente africano. Vencedora do Grammy de 2010, apresenta uma mistura de sonoridades pan-africanas, urbanas e tradicionais.

Abajur (FRA/BRA) - é o encontro surpreendente e explosivo entre sons e ritmos brasileiros de Jussara Marçal, Lello Bezerra, Clara Bastos e Maurício Takara e o complexo material criativo da cena europeia dos franceses Nicolas Pointard e Christophe Rocher, do Nautilis Ensemble

Especial Laércio de Freitas Moderno e Eterno (BRA) - Moderno e Eterno é o registro de parte de um legado de Laércio de Freitas, que corria grande risco de se perder. Os shows vão contemplar algumas facetas de um dos mais importantes compositores, pianistas e arranjadores do Brasil, não à toa chamado de gênio por Radamés Gnattali e declarado por Cristovão Bastos como seu ídolo

Exploding Star Orchestra (EUA) - é uma das muitas faces musicais do compositor e cornetista de Chicago Rob Mazurek. Paralelamente ao seu trabalho solo, desenvolveu esse projeto que conecta ensembles de Chicago e de São Paulo, com uma sonoridade mais eletrônica e batidas modernas.

Ilessi e Alaíde Costa (BRA) - Encontro musical entre Ilessi, cantora e compositora carioca, que acolhe diversos modos de manifestação da música brasileira: o tribal, o sofisticado, o experimental, o sentimental, o velho e – preferencialmente – o novo, e Alaíde Costa, também carioca que, com mais de 81 anos de idade e 60 de carreira, é uma das principais cantoras vivas da história da MPB.

Kathrine Windfeld (DIN) - Compositora, arranjadora e pianista dinamarquesa apresenta show com Kathrine Windfield em formato quarteto (Ribeirão Preto) e com sua big band (Pompeia e Jundiaí). Em 2014, Aircraft, seu primeiro álbum com KWBB, lhe rendeu o prêmio de Melhor Nova Artista do Ano, no prestigiado concurso Danish Music Award, em que concorreu ainda nas categorias “Álbum do Ano” e “Melhor Compositora”.

Kokoroko (Reino Unido) - Parte da efervescente cena de jazz inglesa, o coletivo londrino Kokoroko, atualmente formado por Sheila Maurice-Grey, Cassie Kinoshi, Richie Seivwright, Onome Edgeworth, Ayo Salawu, Tobi Adenaike-Johnson, Yohan Kebede e Duane Atherley, apresenta um repertório que destaca a relação entre a música e a cultura africana.

Lelo Nazário (BRA) - Compositor, arranjador, pianista, produtor e diretor musical, apresenta o show Passado Presente: 40 anos de carreira solo, que passeia pelo repertório dos álbuns Lagrima..., Se..., Simples, Africasiamerica e Projeto MI², acompanhado por velhos companheiros que estiveram ao seu lado nestes projetos: Zeca Assumpção, Rodolfo Stroeter, Teco Cardoso e Nenê.

Macha Gharibian (FRA) - Pianista francesa, Macha Gharibian é também cantora, compositora, arranjadora e assina a produção dos seus álbuns. Apresenta em seus trabalhos uma fusão das influências de sua ascendência armênia e vivências em Paris e Nova York.

Mariá Portugal (BRA) - Baterista, cantora, compositora e produtora musical, Mariá Portugal, também conhecida por seu trabalho na banda Quartabê, apresenta show com repertório baseado em seu álbum Erosão, lançado em 2021, primeiro trabalho solo da artista. Partindo da canção, a improvisação acústica e a manipulação eletrônica, o álbum apresenta o cruzamento entre essas três vertentes musicais.

Nduduzo Makhathini (África do Sul) - O pianista sul-africano une em seu trabalho espiritualidade, cultura zulu e as tendências modernas do jazz com grande sensibilidade. Ativo também como educador e pesquisador, Nduduzo equilibra sua expressividade inventiva com as referências de sua ancestralidade.

Nicole Mitchell´s Black Earth Sway (EUA) - Nicole Mitchell é flautista e compositora. Emergiu da cena musical de Chicago dos anos 1990 e é representante da cultura afro-americana experimental. Na banda Black Earth Sway, é acompanhada pelas musicistas Coco Elysses, Alexis Lombre e JoVia Armstrong.

Orquestra Afrosinfônica (BRA) - Liderada pelo maestro Ubiratan Marques, a Orquestra Afrosinfônica apresenta uma amálgama da sonoridade afro-brasileira com a linguagem da música de concerto, explorando a fronteira entre música popular e erudita. O conceito de "afrosinfônico" nasce da elaboração de arranjos orquestrais associados a manifestações identitárias da cultura popular brasileira de matriz africana.

Orquestra Rumpilezz (BRA) - Criada em 2006 pelo maestro Letieres Leite, a Orkestra Rumpilezz tem em sua base a percussão de matriz africana, apresentada com roupagens harmônicas influenciadas pelo jazz moderno. Em formato de big band, o grupo apresenta um repertório que explora o universo percussivo afro baiano em um diálogo musical único.

Quarteto Negro (BRA) - Depois de 35 anos de seu lançamento, o álbum Quarteto Negro é revisitado por três de seus integrantes originais: Zezé Motta na voz, Djalma Correa na percussão e Jorge Degas no baixo. Para substituir Paulo Moura, falecido em 2010, Ivan Sacerdote é o convidado.

Ray Lema Quinteto (Congo) - O pianista e compositor Ray Lema sempre teve interesse em vários estilos musicais, o que o levou a percorrer caminhos que misturam o avant-garde jazz com influências da Europa Oriental, a musicalidade da África Ocidental e as tradições congolesas.

Susana Baca (Peru) - Cantora e pesquisadora da cultura afro-peruana, Susana Baca representa em sua obra um recorte da afrolatinidade. Ganhadora do prêmio Grammy Latino nos anos de 2002 e 2020 e ex-ministra da cultura do Peru, a cantora apresenta tradições afro-americanas que passam por ritmos como a marinera e a cumbia.

Tradição Improvisada (BRA) - O projeto apresenta a improvisação do jazz em contato com a música regional. Nasce do encontro dos músicos Thomas Rohrer, Panda Gianfratti e Maurício Takara com Nelson da Rabeca (In Memoriam) e Dona Benedita, mestres da cultura popular alagoanos.

Tributo a Airto Moreira (Fingers) (BRA) - Sob a batuta de Pichu Borrelli, os músicos Annette Camargo, Libero Dietrich, Lael Medina, Danilo Moura, Manoel Pacífico e Jica Thomé executam na íntegra o álbum Fingers (1973), de Airto Moreira. O show conta com a participação de Filó Machado.

Serviço Sesc Jazz:

De 5 a 23 de outubro de 2022
Programação disponível em: SESCP.ORG.BR/SESCJAZZ e nas redes sociais do @sescsp e unidades participantes


A venda de ingressos, será realizada em ambiente on-line a partir de 21/09, quarta-feira, 12h pelo site e aplicativo Credencial Sesc SP e presencialmente nas bilheterias do Sesc SP a partir do dia 22/09, quinta-feira, 17h, - Limite de 4 (quatro) ingressos por pessoa.


Unidades que realizarão shows do Sesc Jazz 2022:


Sesc Pompeia l Rua Clélia, 93 l (11) 3871-7700
Horário de funcionamento: terça a sábado: 10h às 22h. Domingos e feriados: 10h às 19h.
Horário da bilheteria: terça a domingo: 14h às 19h


Sesc Guarulhos I R. Guilherme Lino dos Santos, 1200 I (11) 2475-5550
Horário de Funcionamento: terça a sexta, das 9h às 21h30; sábado, das 9h às 20h; domingos e feriados, das 9h às 18h.
Horário de bilheteria: terça a sexta: 9h às 21h, sábado: das 9h às 20h. domingos e feriados: 9h às 18h


Sesc Jundiaí I Av. Antônio Frederico Ozanan, 6600 I (11) 4583-4900
Horário de funcionamento: terça a sexta, 9h às 22h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h
Horário da bilheteria: terça a sexta, das 9h às 21h30; sábados e domingos, das 10h às 18h30


Sesc Piracicaba I R. Ipiranga, 155 I (19) 3437-9292
Horário de Funcionamento: terça a sexta das 13 às 22h; sábados, domingos e feriados das 9h15 às 18h15
Horário da bilheteria: terça a Sexta: 13h30 às 21h30; sábados, domingos e feriados: 9h30 às 17h45


Sesc Ribeirão Preto I R. Tibiriçá, 50 I (16) 3977-4477
Horário de Funcionamento: terça a sexta, das 13h às 22h; sábado, domingo e feriado, das 9h30 às 18h30
Horário da bilheteria: terça a sexta, das 13h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h.


Sesc São José dos Campos I Av. Dr. Adhemar de Barros, 999 I (12) 3904-2000
Horário de Funcionamento: terça a sexta, das 7h às 22h; sábados, domingos e feriados: das 10h às 19h.
Horário da bilheteria: de terça a sexta-feira, das h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30


Sesc Presidente Prudente I R. Alberto Peters, 111 I (18) 3226-0400
Horário de Funcionamento: terça a sexta, das 8h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h.
Horário da bilheteria: terça a sexta, das 8h às 19h30 ; sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h30 .

Nenhum comentário:

Postar um comentário