domingo, 25 de setembro de 2022

O primeiro show da banda A Chave do Sol faz 40 anos


O domingo 25 de setembro é uma data importante para o rock nacional: o primeiro show da banda A Chave do Sol, pilar do rock e do hard rock do Brasil, capturando a essência do gênero que se desenvolveu com tudo na segunda metade dos anos 70.

Coube a um músico e ex-integrante da banda relembrar o fato em um texto legal postado nas redes sociais. Luiz Domingues, que além de músico é um blogueiro conceituado, explica tudinho:

Amigos: neste domingo, dia 25 de setembro há uma efeméride importante para A Chave do Sol, banda pela qual eu atuei ao lado de valorosos companheiros e com orgulho, por cinco intensos e inesquecíveis anos.

Foi exatamente no dia 25 de setembro de 1982, um sábado, que a nossa banda realizou o seu primeiro show e daí, convencionamos demarcar como a data de fundação oficial do grupo, embora tenhamos realmente iniciado as atividades por volta de julho do mesmo ano, com os ensaios preliminares.

A banda foi fundada com o firme propósito de exercer a música autoral, mas como também estabelecemos a meta de irmos rápido para os palcos, não houve tempo hábil para criarmos um repertório suficiente para tal no curto prazo e assim, nos primeiros shows, tivemos o suporte de um repertório formado por alguns clássicos do Rock internacional e nacional, oriundo das décadas de 1950, 1960 e 1970, ou seja, a nossa base afetiva de influências.

É importante frisar que o nosso saudoso cofundador, Rubens Gióia, foi o criador do nome da banda, por se tratar de uma idealização que ele teve em sua imaginação desde a sua tenra infância e já por volta de 1968, ele tinha em mente tal denominação. E quando atingiu a adolescência, esboçou esforços para a banda existir concretamente desde 1977, e a partir de 1978, até 1981, aproximadamente, chegou a realizar apresentações sazonais mediante apoio de outros companheiros, a usar tal nome, como o guitarrista Dedé e o baterista Silvio Sisudo entre outros). Todavia, como não houve uma continuidade ordenada e tampouco ficou coletado algum material para registrar tais esforços, consideramos a nossa formação a partir de 1982, como a oficial da fundação da banda, por conta da periodicidade do trabalho, a constituir o compromisso formado mutuamente.

Rubens e eu, Luiz Domingues, iniciamos os trabalhos e logo convidamos o baterista Edmundo Gusso, que chegou a realizar um ensaio conosco, todavia, ele não pode assumir o compromisso e assim, convidamos José Luiz Dinola para fechar o Power-Trio básico que formatou a nossa banda e posteriormente, contamos com cinco vocalistas ao longo da nossa carreira para configurar a formação da nossa banda como um quarteto.

E assim, com esse trio base, logo nos primeiros ensaios nós compusemos em parceria a nossa primeira música, o tema instrumental: "18 horas", que ficou bastante celebrado em nossos shows e esta foi a primeira música própria que apresentamos no primeiro show, ao lado dos clássicos que eu já mencionei.

Convidamos um vocalista que já era uma grande estrela no cenário do Rock brasileiro, há bastante tempo na ocasião, na persona de Percy Weiss. Ele gostou tanto da química que forjamos nessa apresentação que a seguir participou de um segundo show, alguns dias depois, no entanto, apesar dessa empolgação mútua ali gerada, Percy já estava comprometido com outros trabalhos e não pode se fixar em nossa banda como membro oficial, que pena.

Nesse primeiro show em específico, ficamos honrados e empolgados em realizar a nossa estreia em um palco que fora na década de setenta, um dos mais requisitados e badalados de São Paulo, aliás com repercussão nacional. Nos anos 1970, ali funcionara o histórico "Be Bop a Lula", casa que protagonizara shows com os maiores nomes do Rock nacional da ocasião. Infelizmente, nos anos 1980, a casa não tinha mais o mesmo glamour e nem mesmo o mesmo nome, ao se chamar então "Café Teatro Deixa Falar", embora a sua proprietária fosse a mesma pessoa, a simpática e acolhedora Dona Sabine, um senhora francesa, que nos ajudou muito nesses primeiros tempos de vida da nossa banda, haja vista que ali também foi o nosso espaço de ensaios nos primeiros meses de nossas atividades.

É óbvio que o Percy não gostou nada do seu nome ter sido grafado erroneamente na filipeta que foi produzida para divulgar esse primeiro show. Ele chegou a brincar com esse fato em publicação que fez nesta mesma rede Facebook, pouco antes de falecer, infelizmente, em 2015. Através da entrevista concedida ao programa "Vitrola Verde" do valoroso comunicador, Cesar Gavin, Percy Weiss falou com carinho de sua rápida passagem pela nossa banda.

Contamos com um bom público formado por familiares e amigos que nos prestigiaram nesse dia 25 de setembro de 1982, para nos ver desfilar Rocks que todos gostamos e já a nossa primeira música, a instrumental, "18 Horas". Destaco entre tantos amigos queridos que ali estiveram presentes, o poeta Julio Revoredo que já em um curtíssimo período depois, tornar-se-ia um parceiro da banda com seus poemas musicados por nós, além do apoio dele em muitas ações positivas para a banda nos bastidores.

E assim foi, 40 anos se passaram desse primeiro show, que hoje comemoramos. O idealizador-mor desse sonho nos deixou em 2021, mas o seu sonho vive e com ele, a sua memória, certamente. Fico feliz por constatar que A Chave do Sol ainda seja reverenciada pela sua obra e dedicação, nos dias atuais, portanto, Rubens Gióia vive, mais do que nunca.

Em nome do trio-base dessa banda, Rubens Gióia (in memoriam), José Luiz Dinola e eu, Luiz Domingues, além, dos cinco vocalistas que também contribuíram muito com a história da nossa banda, embora com passagens mais curtas na formação (Percy Weiss- in memoriam, Verônica Luhr, Chico Dias, Fran Alves-in memoriam e Beto Cruz), eu agradeço muito o carinho de todos os fãs, amigos, colaboradores e profissionais que nos apoiaram entre 1982 e 1987.

Faço a menção muito honrosa para Ivan Busic, que gentilmente gravou o LP "The Key" quase inteiro, após a saída de José Luiz Dinola em junho de 1987 e chegou a cumprir dois shows conosco, como um convidado, pois apesar de ter marcado presença nas fotos do disco, não foi membro da banda. Fábio Ribeiro também fez um show como convidado e assim cabe registrar e sobretudo esclarecer que a formação da banda "The Key", com dois egressos d'A Chave do Sol (Beto Cruz e eu, Luiz Domingues), acrescidas do Fabio Ribeiro, José Luiz Rapolli e Eduardo Ardanuy (neste caso, cabe a menção para Theo Godinho-in memoriam-, igualmente), apesar de ter surgido das cinzas d'A Chave do Sol se constituiu de uma banda diferente, com a sua trajetória própria e portanto distinta dentro da história.

Aproveito para convidar os admiradores d'A Chave do Sol para visitar o meu Blog 3, no qual eu publiquei o texto completo da minha autobiografia musical e os capítulos concernentes à minha passagem pel'A Chave do Sol, se encontram alojados nos meses de maio, junho e julho de 2015, no arquivo. E no arquivo de 2016, o leitor encontra no mês de dezembro, vasto material (vídeos, fotos, áudios, portfólio e dados) sobre a carreira da nossa banda. E sobre os desdobramentos da história da banda (o lançamento do kit de discos bootlegs em 2020/2021, por exemplo), também podem ser consultados em arquivos posteriores no mesmo arquivo do Blog.

Mais um aviso adicional: recentemente (2022), eu tenho feito esforços para organizar os meus três canais no YouTube e nesse aspecto, já tenho publicado vídeos raros de todas as bandas pelas quais atuei e ainda atuo, portanto, há bastante material raro sobre A Chave do Sol ali presente e ainda mais novidades surgirão.

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