Marcelo Moreira
Erasmo Carlos (esq.) em uma de suas participações no especial de fim de ano de Roberto Carlos (FOTO: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO)
Até que ponto podemos colocar Erasmo Carlos como um rocker? O que ele fez na Jovem Guarda, com e sem o parceiro Roberto Carlos, e nos anos 70 pode ser considerado rock?
Alguns críticos e detratores riem dessa afirmação, indo ao ponto de considerar mero oportunismo o fato de que Erasmo, que completa 80 anos de idade neste sábado, bradar que é um dos pioneiros do gênero no Brasil e ousar travestir algumas de suas músicas e álbuns de "rock".
Anos atrás, o Combate Rock questionou o "rótulo" assumido pelo cantor brasileiro, uma das vozes mais importantes da música brasileira.
Se formos espremer mesmo a obra do músico, não há muito de rock a encontrar, ainda que sua postura dentro e fora dos palcos ensejem alguma associação. Mas não dá para dissociá-lo totalmente do gênero.
Erasmo Carlos é um músico honesto e merece todas as honras e homenagens, por mais que haja excessos ao ser considerado um dos pais do rock brasileiro e como símbolo do gênero.
Sim, tem rock, e dos bons, em sua discografia, mas a predominância é de uma música popular mais soft, agridoce, sem nenhuma agressividade e bastante palatável ao gosto médio do ouvinte de rádio de 40 ou 50 anos atrás.
A partir dos anos 90, quando foi considerado um fóssil vivo de forma bem mal-educada, orientou seu repertório para um rock comercial, distanciando-se do pop sem sabor e sem cheiro que empreendeu na década anterior. Curiosamente, ficou mais roqueiro, e melhor artista, depois dos 60 nos de idade.
Isso não quer dizer que seu trabalho mais pop e mais romântico dos anos 70 deva ser desprezado, assim como as gemas que produziu com ou sem Roberto Carlos nos anos 60. Seus trabalhos são históricos e necessários, com registros preciosos do que foi a evolução da música nacional orientada para os jovens.
Entretanto, se quisermos ser rigorosos, é perfeitamente plausível questionar se o som que ele produziu na maior parte de sua carreira foi "rock", a ponto de ser considerado um ícone inquestionável do gênero.
A Jovem Guarda foi um movimento importante dentro da cultura brasileira não há dúvida. Mostrou que os jovens do começo dos anos 60 no Brasil tinham voz, vontade própria, talento e inteligência. ]
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