sábado, 15 de maio de 2021

Bruno Covas foi um gestor que apoiou o rock em São Paulo

 Marcelo Moreira

Houve uma discreta comoração no setor cultural quando João Doria (PSDB) venceu a eleição para o governo do Estado em 2018. Prefeito de São Paulo eleito em 2016, fez uma administração pífia, pra não dizer nula, especialmente para a área de cultura, quando depredou a Virada Cultural e relegou o segmento aos porões.

O vice-prefeito, Bruno Covas, sujeito educado e afável, assumiu e ganhou certo apoio mesmo de adversários e esquerdistas oposicionistas, assustados com o desprezo olímpico de Doria. 

Pelo menos Covas, também tucano, tinha apreço pela cultura e esportes, embora fizesse parte da mesma panela ideológica que neoliberal e conservadora que tanto empesteia a cidade e o Estado.

As expectativas se confirmaram e Bruno Covas se tornou um prefeito milhões de vezes melhor do que Doria - mais preocupado com a cidade, com a zeladoria urbana e entusiasta de boa parte dos projetos culturais propostos por vereadores e coletivos de oposição.

Ganhou muitos pontos com o pessoal do rock e do metal ao sancionar a lei que instituiu o dia 8 de junho como o dia do metal na cidade, em homenagem à data de morte de Andre Matos, ex-vocalista do Angra e do Shaman. Gosta de rock, embora não fosse um grande aficionado, mas apoiou a causa. 

Bruno Covas (agachado à direita) ao lado de músicos de bandas como Angra, Viper e Shaman em evento que homenageou Andre Matos em 2019 e que criou o dia paulistano do metal, a ser celebrado em 8 de junho de cada ano (FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM)

É um alento que, pela segunda vez, tivéssemos um prefeito até certo ponto roqueiro - o outro foi Fernando Haddad (PT), que toca guitarras e violão. 

É desnecessário dizer a tragédia que é o agravamento do estado de saúde de Bruno Covas, com seu estado de saúde considerado irreversível por conta de um câncer no estômago que se espalhou. Questões políticas à parte, é uma situação de humanidade lastimar o quadro de saúde e torcer ao menos pelo menor sofrimento possível.

Focu pouco tempo no cargo a ponto de deixar algum legado - pouco mais de dois anos -, mas sua administração, pegando todo o período de pandemia de covid-19, foi apenas razoável no combate ao vírus, e não comprometeu.

Se a área cultural ganhou algum fôlego - o qual foi retirado pela sanha conservadora de Doria -, outros segmentos tiveram problemas em sua administração, como a área de transportes, dominada por um cartel empresarial que presta péssimos serviços à população, e a "destruição" do vale do Anhangabaú com uma obra absurda que aboliu o verde local, que deu lugar a um bulevar de cimento horroroso. Por qualquer ângulo que se analise, sua gestão foi bem inferior à de Fernando Haddad, embora pouco superior à de Doria.

Louvemos, então, o olhar dedicado e interessante que dispensou à área cultural e de entretenimento, que foi tão esquecida na gestão de seu antecessor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário