quinta-feira, 13 de maio de 2021

Eric Burdon, a voz do blues inglês, chega aos 80 anos

Marcelo Moreira

Eric Burdon (FOTO: DIVULGAÇÃO)


A voz assustava, mas encantava assim que as pessoas se adaptassem à visceralidade daquele homem com cara de poucos amigos. Ele não fazia força, mas a empostação e a interpretação faziam toda a diferença entre todos os cantores do norte da Inglaterra. A chuvosa e modorrenta Newcastle ficou pequena para Eric Burdon.

A sua voz é o brado definitivo do blues inglês dos anos 60, que ganhou o mundo com a versão arrebatadora do clássico americano "House of the Rising Sun". Burdon e os Animals se tornaram uma marca registrada da música e um baita selo de qualidade.

O cantor de voz rouca e potente chega aos 80 aos de idade mantendo o carisma, embora a performance não o permita mais soltar o "trovão" na garganta. Não está aposentado, mas vai desacelerando e se divertindo como pode.

Se não virou o superastro como ocorreu a alguns concorrentes e contemporâneos, nunca deixou o primeiro escalão do rock, seja como músico, seja como incentivador de várias carreiras.

A carreira solo sempre foi sólida, só que sem as vendas estrondosas com as quais sonhou. Para muitos, sempre seria a eterna voz de The Animals e da banda extraordinária War, também creditada como Eric Burdon and War.

Laços indissociáveis, nunca reclamou da eterna marca, e compensou isso com uma liberdade total para definir os rumos musicais de sua vida. Isso incluiu uma prolífica amizade e colaboração com o baiano Marcelo NOva, do Camisa de Vênus, um fã ardoroso de seu trabalho.

Os dois se conheceram em uma das vindas do inglês ao Brasil e rendeu uma parceria musical interessante, em que Burdon aceitou composições do brasileiro para um de seus CDs solo.

Nunca renegou a sua vida com os Animals, que integrou de 1964 a 1966 e depois de 1967 até 1970 (quando tomou pra sim o nome e o rebatizou de Eric Burdon and the Animals), mas não fez disso a muleta para a eternidade.

Tudo bem, houve escorregadas em 1975 e 1983,quando a formação original tentou reviver os bons tempos, mas foram ignorados por crítica e público. Ficou claro que ele poderia seguir em frente e deixar definitivamente os Animals para trás.

Seu último álbum é de 2013, "Til Your River Runs Dry", que é uma espécie de resumo de uma longa carreira musical, com muita melancolia e temas blueseiros mais americanos do que britânicos. A aposentadoria está próxima, mas ele já deixou claro que não quer pensar muito nisso. Como disse à revista inglesa Classic Rock, "ainda tem muito blues para cantar".

Nenhum comentário:

Postar um comentário