Marcelo Moreira
Moonlight Benjamin (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Uma cantora negra e imponente, com uma voz trovejante e uma performance arrebatadora/assustadora, à frente de uma banda boa e pesada, lembrando os melhores momentos de Joe Bonamassa no rock. E a surpresa se transforma em admiração.
Não sei exatamente que algoritmo maluco jogou a haitiana Moonlight Benjamin na minha cara, mas ela apareceu de repente como sugestão musical do Facebook em um clipe simples, mas mas eficiente, e se transformou em uma das boas surpresas da pandemia de covi-19 que confinou a maioria das pessoas inteligentes e decentes em suas casas (descontando-se, é claro, queles de serviços essenciais e quem não pôde se ausentar do trabalho por motivos de força maior).
A moça é haitiana, mas mas vive em Toulouse, na França. Canta em iorubá, um dialeto africano, e em em um outro dialeto de sua terra, mostrando a força das canções africanas associadas ao blues - é agressiva, imponente e evoca uma dramaticidade contagiante e, ao mesmo tempo assustadora.
Ela usa todo o seu background cultural haitiano para incrementar a sua performance de blues pesado, co guitarras marcantes e um batuque tribal que despeja na cabeça do ouvinte uma parede sonora que petrifica e escandaliza.
Também é sacerdotisa de vodu, uma religião afro-americana nascida na África Ocidental pelos iorubás, que são ainda hoje cerca de 30 milhões de pessoas, sendo, por exemplo o segundo maior grupo étnico da Nigéria.
Moonlight Benjamin estudou jazz em Pari e regressou ao Haiti para estudar e se iniciar no vodu. Ainda assim, chamou a atenção do pianista cubano Omar Sosa, o que lhe abriu as portas do circuito internacional caribenho, colaborando bastante com o saxofonista Jacques Schwarz-Bart, de Guadalupe, no seu projecto conjunto Creole Spirits.
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