Marcelo Moreira
Megadeth, em foto mais recente da última formação: da esq. pra a dir., Kiko Loureiro, Dirk Verbeuren, Dave Mustane e Dave Ellefson (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Um desfecho mais do que esperado: o baixista Deve Ellefson está fora do Megadeth em razão de um escândalo sexual, em uma medida hipócrita e moralista que chega a ser asquerosa.
O caso é absurdo: vídeos e áudios antigos do baixista foram vazados por alguém ainda não identificado mostram conversas, e apenas conversas, virtuais de teor sexual dele com uma garota supostamente menor de idade. O músico é casado e também pastor evangélico ocasional.
Os áudios são antigos e a garota veio a público semanas atrás negando que era menor de idade quando conversou com Ellefson e assumiu que ela tomou a iniciativa.
Isso tudo parece não ter sido suficiente para que Dave Mustaine, amigo e parceiro antigo e que se tornou um fanático religioso católico nos anos 90, relevasse o caso. Nesta segunda-feira (24), divulgou nota oficial nas redes sociais dizendo que o baixista está fora do Megadeth.
Em uma única manifestação a respeito do caso, um pouco depois do vazamento dos áudios, Ellefson disse que não se orgulhava do que tinha acontecido e de sua conduta, mas reclamava veementemente do que chamava de "grave invasão de privacidade" e da dimensão que uma conversa virtual tinha tomado. Não se sabe de qualquer investigação policial/criminal a respeito do caso.
O que chama a atenção é a rápida sentença do tribunal da internet chamando Ellefson de pedófilo e clamando por uma condenação formal por um crime que não existiu.
Quando à hipócrita decisão do fundamentalista Mustaine, o dono do Megadeth, já era esperada em virtude do comunicado que havia sido divulgado no mês passado em que praticamente selava o destino do baixista, informando que a banda não se manifestaria enquanto os "fatos não fosse esclarecidos totalmente".
Não se trata de minimizar ou extrapolar a gravidade do que ocorreu - até porque há ainda muito mais dúvidas e perguntas do que respostas.
Entretanto, é evidente que Ellefson foi vítima de uma armadilha e da ação de um hacker vingativo, e também de uma implacabilidade de um chefe/amigo que não tem um bom histórico para "decretar" o fim de sua segunda passagem pelo Megadeth.
Há um flagrante exagero na análise do caso em todos os sentidos, principalmente no que se refere às acusações de "pedofilia", e infelizmente o massacre de reputações praticado há muito tempo pela internet faz mais uma vítima.
Mas não nos iludamos: as redes sociais e a própria web não passam de veículos para a disseminação de uma intolerância enraizada em nossa sociedade moderna.
Como a instabilidade sempre foi uma marca do Megadeth, parece que Mustaine esperava apenas um deslize do "amigo" baixista para baixar o porrete. A intolerência, neste caso, também sempre foi uma marca da personalidade do chefe.
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