quinta-feira, 20 de maio de 2021

Músicos esfregam as mãos diante da irresponsabilidade da flexibilização

 Marcelo Moreira



Em meio a mentiras e mais mentiras, ministros, secretários e empresários jogam a credibilidade do nefasto governo de Jair Bolsonaro na fossa na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da pandemia no Senado.

 A sucessão escandalosa de condutas, infelizmente, embaça a visão do que realmente importa neste momento: ultrapassamos 440 mil mortes por causa da covid-19, mas isso não parece comover e ou amedrontar autoridades irresponsáveis que estão flexibilizando de forma irresponsável a abertura da sociedade em momento em que aumenta a ocupação de leitos hospitalares - de novo.

A irresponsabilidade ganha contornos de tragédia no estado de São Paulo, que avança largamente para a flexibilização de atividades, sobretudo na área de gastronomia, enquanto cidades como Batatais adotam o lockdown (fechamento) mais severo. Outras cidades deverão fazer o mesmo.

Diante da irresponsabilidade das autoridades paulistas, empresários e comerciantes comemoram a suposta retomada das atividades em restaurantes e bares. Claro que músicos desesperados e ávidos por voltar ao trabalho comemoram.

Não deveriam, pois a situação ainda é gravíssima e requer medidas ainda mais rigorosas de distanciamento social. Dois mil mortos ao dia não podem passar em branco diante da insensibilidade de alguns comerciantes e artistas irresponsáveis ao extremo.

De forma sorrateira, alguns bares em São Paulo e na Grande São Paulo começam a programar sessões banquinho-e-violão pra testar o retorno das atividades artísticas. Podem parecer ações inocentes e sem consequências, mas provocam aglomerações e aumentam as possibilidades de contágio.

Músicos irresponsáveis vomitam nas redes sociais sobre os inúmeros e inúmeros casos divulgados de festas clandestinas diárias em todo o Brasil que não são inibidas pela pandemia ou pela frouxa fiscalização.

 Alegam que estão sendo penalizados enquanto supostos artistas como o suposto MC Kevin, que morreu há alguns dias, ganham dinheiro e praticamente não é incomodado.

O raciocínio é de tamanha indigência intelectual que desconsidera totalmente a hipótese de se permitir crimes contra a saúde e a área sanitária só porque gente vagabunda e criminosa frequenta festas clandestinas animadas por artistas execráveis.

Não é hora de fazer shows de qualquer natureza ou permitir entretenimento com a presença de público. Enquanto não houver respeito às medidas de restrição social e de decretação de lockdowns rigorosos, de no mínimo dois meses em nível nacional, continuaremos reféns do vírus e de autoridades incompetentes, irresponsáveis e criminosas. A pandemia nunca será vencida e teremos de conviver por anos com o confinamento social.

Portanto, é hora de sermos responsáveis e boicotarmos apresentações musicais em bares e restaurantes com público. É hora de denunciarmos os estabelecimentos que decidirem por shows ao vivo, por menores que sejam. 

Nenhum cansaço ou desespero econômico deve servir de desculpas para a irresponsabilidade que contribui para a mortal disseminação do vírus.


Nenhum comentário:

Postar um comentário