domingo, 30 de maio de 2021

O rock pela vida e contra a depredação institucional dá as caras no 29 de maio

 Marcelo Moreira



Da resignação à indignação, as manifestações contra o nefasto presidente da República incomodaram os isentões de plantão, representados pelos incapazes de reconhecer o período de trevas em que vivemos e a ascensão ao poder de gente que pretende depredar a democracia e as liberdades civis e individuais.

O povo foi "repreendido" por alguns por sair de casa em plena pandemia para se manifestar contra a derrocada em direção à morte, como se isso não tivesse ocorrido quando o bando de estúpidos apoiadores de genocídio e de um governo criminoso saiu às ruas semanas atrás.

E, curiosamente, para nosso orgulho, o rock finalmente saiu da letargia para combater os resignados de sempre que ficaram indignadinhos por conta das estrondosas manifestações do dia 29 de maio. Não foram as maiores de todos os tempos nem as mais ruidosas, mas foram as mais emblemáticas pós-impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Por conta das coincidências da vida, as manifestações ocorreram na semana em que o mundo conheceu a contundente ópera-rock "Pandemia", da banda carioca Dorsal Atlântica, uma dolorosa analogia com os tempos obscuros e de retrocesso em que vivemos.

Enquanto há gente que busca alguma centelha de otimismo, como o guitarrista Rafael Bittencourt, do Angra, que lançou a canção "Dar as Mãos" com o Exército da Esperança", o protesto corre solto com a recuperação de canções pesadíssimas e emblemáticas dos projetos Revolta e Lockdown, ambos com João Gordo, do Ratos de Porão.

E o Korzus, que colocou na praça a música "You Can't Stop Me", que está sendo usada por muita gente como inspiração para sobreviver aos tempos difíceis e se manifestar contra a destruição institucional da democracia?

Nem mesmo os odiosos ataques de policiais militares pernambucanos contra manifestantes em Recife foi capaz de estragar o clima de união contra o fascismo deste dia 29 de maio. 

Sim, os ataques de uma força policial repressora que atuou como uma milícia são um recado perigoso de que os fascistas e autoritários extremistas não aceitarão as contestações ao descalabro político-administrativo promovido pelo mundo podre bolsonada. 

Só que o recado das ruas e dos manifestantes foi mais contundente do que nunca, colocando o extremistas de direita contra a parede e asfixiando ainda mais a política destrutiva de Bolsonaro e sua gente predatória.

O rock mostra a cara e avança para a vanguarda da luta contra o governo incompetente e lesivo. É esfuziante e recompensador ver Clemente Nascimento, guitarrista dos Inocentes e da Plebe Rude, todo orgulhoso na avenida Paulista desfilando ao lado das forças democráticas.

Por outro lado, é bacana constatar que há vozes sugerindo esperança e otimismo além de Rafael Bittencourt. Em seu novo single, "Never Go Down", o Dr. Sin sugere que tenhamos força para seguir em frente e levantar depois das quedas. 

O Armored Dawn, por sua vez, celebra a força da união das pessoas querem avançar e construir algo novo em "Stronger Together". São contrapesos relevantes para as canções de denúncia e de protesto.

Claro que não é suficiente repisar e bater na mesma tecla dos desmandos do bolsonarismo. A sociedade precisa ir além para neutralizar e destruir essa chusma extremista que empesteia a nossa sociedade. Mas é revigorante e saboroso observar que o rock nacional está saindo da letargia e sendo mais expressivo e contundente na luta contra as trevas que tomam conta dos nossos dias.

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