Marcelo Moreira
- Accept - O quinteto alemão vinha bem com sua fase norte-americana, com quase todos os integrantes morando nos Estados Unidos. Foram pelo menos quatro álbuns muito bons com o vocalista Mark Tornillo, a voz de serra elétrica que substituiu o pato esganiçado Udo Dirkschneider, cantor da formação clássica que saiu em 1988 - com breve retorno em meados dos anos 90. "Too Mean to Die" é um disco poderoso, mas sem grandes novidades. Perde em energia e em inspiração para "Blind Rage", por exemplo, mas é um prato cheio para os adoradores de heavy metal clássico. Sob a batuta do guitarrista Wolf Hoffmann, a banda segue misturando ma produção moderna com riffs certeiros e melodias bem construídas, sem do que em algumas canções os arranjos de tons épicos dão as caras. Tornillo força menos a voz e ensaia mais variações dentro de sua rouquidão característica. A faixa-título carrega todas as intenções, com sua carga estrondosa de riffs monstruosos e levadas bem características dos anos 80. "Overnight Sensation" e "The Undertalker" também se destacam por serem mito pesadas e realçarem as guitarras cristalinas de Hoffmann e Uwe Lullis, ex-Grave Digger que dá um tom mas moderno aos riffs ora manjados de outros tempos. "The Best Is Yet to Come" é uma balada que destoa um pouco do ritmo acelerado e marcial de todo o álbum, mas é uma canção bonita e longe de ser uma baba ao estilo de algumas do Scorpions.
- Smith/Kotzen - Uma associação improvável rendeu um disco maravilhoso, que certamente frequentará as listas de melhores do ano. Adrian Smith, inglês guitarrista do Iron Maiden, e Richie Kotzen, norte-americano com carreira solo extraordinária e integrante dos Winery Dogs (com Mike Portnoy, ex-Dream Theater, e Bolly Sheehan, do Mr. Big), juntaram as ideias e velhos sonhos para cometer um disco orgânico, redondo e cheio de energia. É hard rock com pitadas de heavy metal aqui e ali, todo embalado com vocais surpreendentes, seja em duetos, seja em performances separadas. Smith já havia tentado cantar dentro do Iron Maiden, mas só conseguiu registrar a voz em um lado B raríssimo, "Reach Out", de David Colwell, com Bruce Dickinson na segunda voz. Quando esteve fora da banda, o guitarrista do Iron Maiden criou o seu projeto solo A.S.A.P., que fazia um hard rock ao estilo norte-americano, que acabou na geladeira para ser substituído por outra banda de hard, Psycho Motel, que gravou apenas dois álbuns. Já Kotzen é um veterano com extensa discografia solo percorrendo do blues ao hard rock com extrema competência, além se tocar muito e criar belas melodias. "Smith/Kotzen" mostra uma dupla afinada e confortável mesmo em termas mais agressivos, com "Scars" e "Taking My Chances". Não é a área de Kotzen, que quase nunca aborda temas agressivos,mas teve a sabedoria de deixar a guitarra principal nas duas canções para Smith. "You Don't Know Me" é um blues encharcado de soul em que os dois músicos cantam e solam, acrescentando dramaticidade a uma música por si só melancólica - e bem pesada para ser considerada uma simples balada. "Glory Road" é um hard blues pegajoso que mistura uma pegada southern rock, uma paixão antiga de Smith, enquanto que "Til Tomorrow" emociona com o revezamento de solos e uma letra de tom confessional. Não tem nada a ver com Iron Maiden ou Winery Dogs, o que é bem sensato e, por isso, é um álbum muito bom. NIcko McBrain, baterista do Iron maiden, toca em "Solar Fire".
- Paul Stanley - A parceria de mais de 50 anos de Paul Stanley com o Gene Simmons é sólida, mas recheada de divergências e desentendimentos, com o próprio Stanley narra em sua autobiografia. Em períodos de intervalo no Kiss, a banda multiplatinada criada pelos dois, ambos tentaram incursões solo sem grande repercussão. O guitarrista Stanley conseguiu atenção quando lançou, nos anos 2000, o razoável "Live to Win", um hard rock mais comercial, mas sem canções memoráveis. Aos 69 anos, deixando de lado as ilusões a respeito de uma carreira solo paralela consistente, decidiu se divertir. Da mesma forma que atuou em musicais e óperas-rock, partiu para um projeto curioso e intrigante, mas que convence por sua competência. "Now and Then" é um álbum creditado à banda Paul Stanley and Soul Station, onde o guitarrista do Kiss se esbalda mergulhando em uma de suas paixões, a soul music dos anos 60 e 70. À vontade especialmente como cantor, Stanley se diverte e explora sua voz privilegiada em uma área em que poucos imaginavam vê-lo em ação - portanto, nada tem a ver com sua banda principal. Apesar de ser pura diversão e o músico demonstrar que está se divertindo bastante, é um projeto sério e que registra seu primeiro álbum com garra e sabedoria. São nove versões para clássicos da soul music e rhythm and blues e cinco canções próprias em que o tom de reverência predomina na maioria das faixas - e tome clássicos de Al Green, Smokey Robinson e The Temptations. A banda é redonda, mas não ousa. Segue a cartilha das homenagens e deixa Stanley solto para brilhar. É um disco agradável, embora não empolgue. Na numerosa banda destacam-se o baterista Eric Singer, que também toca no Kiss, e o guitarrista brasileiro Rafael "Hoffa" Moreira, que toca com o guitarrista do Kiss há mais de 15 anos. As melhores músicas são "I, Oh I", "La La - Means I Love You", "Baby, I Need Your Loving" e "You Are Everything".
Accept e Wasp foram os últimos show que vi antes da pandemia e melhor, no "quintal de casa".
ResponderExcluirAccept fez um show melhor, mas no geral, foi um show desorganizado, numa casa amadora, onde deu medo de assistir aos shows.